* Por Guilherme Mazui, jornalista do Grupo RBS em Brasília

Durante a ascensão do império X, Eike Batista dava muita atenção para listas. Em 2011, afirmava que pretendia chegar ao topo da relação de homens mais ricos do mundo, elaborada pela revista Forbes. Em janeiro de 2017, seu nome apareceu em outra lista, a de procurados da Interpol.

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Alvo de um mandado de prisão preventiva na Operação Eficiência, um desdobramento da Lava-Jato no Rio de Janeiro, o empresário encara a suspeita de ter ocultado propina de US$ 16,5 milhões, paga no Exterior ao ex-governador Sérgio Cabral, atualmente preso. Como estava em viagem aos Estados Unidos, Eike precisa retornar ao Brasil. Enquanto não regressa, vê seu nome na difusão vermelha da Interpol. As investigações reforçam o velho dito “não existe almoço grátis”.

Segundo o jornal O Globo, as empresas de Eike foram contempladas com benefícios fiscais que chegam, no mínimo, a R$ 79,2 milhões na primeira gestão de Cabral. Queridinho em contratos com o poder público, o antigo bilionário, ao que indicam as apurações, precisava entregar contrapartidas pela preferência. O caso ajuda a ilustrar a gênese do Petrolão e dos escândalos derivados dele: relações escusas entre empresários e agentes públicos. Com salários de servidores atrasados e numa penúria geral, o Estado do Rio de Janeiro sabe bem o resultado dessa afinidade.

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Xilindró

O mandado de prisão preventiva de Eike Batista já desperta em Brasília o temor de uma delação do empresário. A Lava-Jato mostra que a ascensão do império X não foi de graça. Em um primeiro momento, o PMDB do Rio de Janeiro e alas do PT seriam as mais atingidas por eventuais revelações de Eike.

Prioridade

Na lista de prioridades do Planalto, a definição das mesas da Câmara e Senado está na frente da escolha do novo ministro do Supremo Tribunal Federal. Como deputados e senadores estão em campanha por seus candidatos ao STF o governo não quer melindrar aliados, a fim de garantir as vitórias de Rodrigo Maia (DEM-RJ) e Eunício Oliveira (PMDB-CE).