As cenas diárias de motocicletas envolvidas em acidentes de trânsito parecem longe de ter fim. Estatísticas mostram um aumento superior a 600% no número de mortes em acidentes com motos no Brasil desde 1998 e de 500% nos atendimentos a acidentados nos hospitais de Santa Catarina em um período de três anos (de 2008 a 2011).
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::: Para especialistas, educação no trânsito é a solução
Os números estão diretamente relacionados ao aumento da frota. Se por um lado a procura pelo veículo de duas rodas aumenta as estatísticas alarmantes de violência no trânsito, por outro ajuda a amenizar os problemas de mobilidade urbana.
Por dia, em Santa Catarina, há pelo menos 100 novas motos em circulação. Se for mantido o ritmo dos últimos meses, em junho o Estado atingirá a marca de 1 milhão. Apesar de ainda estar distante dos 2,4 milhões de carros que rodam nas ruas e estradas catarinenses, a evolução das motocicletas segue uma tendência nacional e tem como consequência um massacre no trânsito. Dados do Mapa da Violência do Trânsito e Motocicletas, lançado ano passado, mostram que entre 1998 e 2011 o número de mortes de motociclistas no Brasil saltou de 1.894 para 14.666 (674%).
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O crescimento supera o aumento de 512% no número de motos vendidas no mesmo período. Somente nos seis hospitais mantidos exclusivamente pela Secretaria Estadual de Saúde, 60% dos acidentes de trânsito atendidos em 2013 foram de casos originados de motos. Neste ano, os números aumentaram e representam 63% do total.

Conselho de inspetor da PRF repercute
Acostumado a conviver diariamente com estes dados, o inspetor da Polícia Rodoviária Federal (PRF) Luiz Graziano deu um conselho polêmico à população, publicado no Blog Visor, do jornalista Rafael Martini, do Diário Catarinense:
– Venda sua moto e jamais compre uma – advertiu o inspetor.
A afirmação do agente repercutiu nas redes sociais. Entretanto, Graziano tem explicação de sobra para ter dado a dica. Antigo adepto das motos, o policial parou de usar o veículo diante dos casos que atendia. Além disso, ele já havia visto seu irmão perder uma perna e um colega da corporação ficar paralítico, ambos em acidentes com motocicletas:
– Em momento algum culpei o motociclista. A moto é um veículo perigoso. Mesmo o motociclista que não faz nada de errado está sujeito em decorrência da vulnerabilidade. Tem cara com 20, 21 anos de idade sem perna, paralítico, morto.
O presidente da Associação dos Motociclistas da Grande Florianópolis, Pedro Luis Sabaciauskis, entretanto, afirma que não é a retirada do veículo de circulação que resolverá o problema. A formação correta dos condutores é a apontada como uma das soluções:
– Não conseguimos enxergar um panorama de redução de motos. A moto pode ser sim uma grande solução de mobilidade urbana desde que controlada. Desde que regulamentada e bem educada. Desde que sejam formados motociclistas em autoescolas de maneira melhor. A moto é um grande coringa na mobilidade – ressalta Sabaciauskis.