Coletores de lixo de Blumenau minimizam humilhações e superam limites

Empurrando a bicicleta amarela, ainda está escuro quando Ivan Freitas do Nascimento, 51 anos, chega para trabalhar. Pendurada em um dos ombros, está uma pequena bolsa preta e cinza com detalhes em vermelho. Apesar dos 15 °C, ele dispensa o casaco. Veste a blusa amarela e a calça alaranjada do uniforme. Sabe que em alguns minutos o suor vai começar a escorrer.

Confira uma galeria de fotos do dia a dia dos coletores em Blumenau

Às 6h04min, no caminhão batizado de Mazaropi e conduzido por Sérgio Engels, 52, deixa o pátio da firma. Segue para uma segunda-feira de mais de 10 horas de trabalho como coletor de lixo em Blumenau.

Clique na imagem e confira percurso do lixo:

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Diariamente, Ivan enfrenta uma série de obstáculos para recolher o que a população não quer mais. O primeiro deles é o limite do próprio corpo. Passa, em média, oito horas por dia correndo, caminhando, levantando bombonas cheias de lixo, pulando para subir e descer do caminhão. Segundas e terças, dias em que há mais lixo, a jornada chega a 10 horas. O segundo obstáculo é o clima. Em dias de sol, o calor atrapalha. Quando chove, a água se mistura ao suor e o deixa encharcado. Prefere trabalhar quando está nublado. A coleta só para se chover granizo. O terceiro ponto que precisa driblar é o preconceito.

– Tem gente que xinga, chama de fedido. Nem água oferecem. Chegam a dizer que não tem água.

Assim como quase todos os 79 homens que trabalham na coleta, Ivan tem pouco estudo e não é natural de Santa Catarina. Eles mesmos brincam que encontrar um de Blumenau é difícil. Ivan veio do Ceará há 23 anos para trabalhar como ambulante. Aos 28 anos, largou a lida na roça e deixou a mulher e a filha, recém-nascida, por lá. Só sete meses depois, quando deu xeque-mate para a esposa, ela veio com a criança. Do estado de origem ficou o apelido, Ceará.

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Assista a um vídeo sobre os coletores de lixo: