Recém-formada em História pela Universidade Federal do Paraná, Rebeca Vilodres é uma das mais novas integrantes do quadro de professores da Associação Educacional Luterana Bom Jesus/IELUSC, de Joinville. 

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> Como a qualidade de ensino no Fundamental pode influenciar os estudos no Ensino Médio?

Já Felippe Orli de Farias Motta Külkamp, formado no inverno de 2020, trabalha como médico dentro da fábrica da BMW de Araquari enquanto se prepara para um especialização em neurocirurgia. 

Além da juventude, os dois joinvilenses compartilham algo em um passado recente: vindos de famílias com poucos recursos financeiros, Rebeca e Felippe conseguiram estudar em uma das melhores instituições de ensino privado de Santa Catarina através de bolsas de estudos concedidas pela instituição.

Felippe frequentou as aulas do Colégio Bonja, pertencente desde os anos 1960 à Associação Educacional Luterana Bom Jesus/IELUSC, do primeiro ano do ensino fundamental até o fim do ensino médio. Filho de um motorista de ônibus escolar, que desde pequeno o estimulou a aproveitar aquela oportunidade de ouro, o agora médico garante que nunca sequer ficou em recuperação:

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— Meu pai valorizou muito o lugar onde eu estudava, e eu logo percebi o quanto aquilo era especial, para onde podia me levar no futuro. E sempre me senti muito acolhido lá, é um colégio com cara de família, que ensina coisas muito além do conteúdo do vestibular — lembra o médico formado pela Universidade da Região de Joinville (Univille).

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Felippe Orli de Farias Motta Külkamp (Foto: Divulgação)

Cerca de 25% do total de 4 mil estudantes do Bom Jesus/IELUSC, incluindo alunos do ensino básico e superior, são bolsistas. Com processo seletivo anual fundamentado em edital, as vagas são destinadas a famílias em situação de vulnerabilidade social ou econômica. Mas, muito além disso, o candidato precisa demonstrar que está realmente disposto a se empenhar nos estudos passando por uma avaliação para ser aprovado — para os cursos da Faculdade IELUSC, a seleção ocorre através do Prouni (Programa Universidade Para todos), ou seja, via Exame Nacional do Ensino Médio (Enem).

Foi através de uma prova que Rebeca Vilodres se tornou aluna do ensino médio do Colégio Bonja. Prestes a encerrar o ensino fundamental em uma escola municipal próxima à sua casa no bairro América, ela sonhava em conseguir estudar em uma universidade federal:

— Por mais que minha escola fosse boa, eu sentia que precisava de um ensino mais completo, com mais cobrança, que extraísse o melhor de mim. Sabia que em uma escola particular teria isso, mas meus pais não tinham recursos para isso — recorda.

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Rebeca Vilodres (Foto: Divulgação)

Um professor da escola municipal soube dos anseios de Rebeca e sugeriu o processo seletivo do Bonja. Aprovada, ela fez o primeiro ano ainda no período noturno, conseguindo uma vaga no matutino para os anos seguintes.

— Foi difícil e muito puxado, mas me empenhei muito e consegui me formar. O Bonja abriu minha cabeça para o mundo. A gente aprende a se cobrar sozinhos, sem professores em cima de você o tempo todo. Eles fazem a gente perceber o quanto dependemos de nós mesmos para realizar nossos sonhos — conta Rebeca.

No final do ano passado, aos 22 anos, Rebeca foi selecionada para ser a nova professora de História do primeiro ano do ensino médio do Colégio Bonja. No processo, teve de dar uma aula para seus antigos mestres.

— O Bonja foi um divisor de águas na minha vida. Claro que foi essencial meu empenho, mas sem o apoio desses professores e do colégio não sei se teria esse êxito para ir para a universidade que eu sonhava. Estou de volta aqui, agora, para devolver o que ganhei para meus alunos — avalia a professora.

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A ajuda que às vezes falta

Para muitas crianças e jovens de famílias com baixa renda, uma bolsa de estudos em um colégio particular pode acabar se tornando inviável mesmo com os custos de matrícula e mensalidades sendo zerados. Muitas vezes, pode ainda assim não haver dinheiro para o transporte, ou para os livros e materiais exigidos para acompanhar cada disciplina. É aí que entra o trabalho da ONG Projeto Resgate, que desde 2004 tem como missão oferecer este apoio financeiro e material para os bolsistas de escolas privadas de Joinville.

Liderado pelo tradutor e intérprete Mário Sant’Ana e sua esposa Mônica, engenheira eletricista que migrou para a pedagogia aos 48 anos de idade, o Projeto Resgate conta com 52 voluntários. Através de parcerias com editoras e empresas da cidade, além de doações de pessoas físicas, este ano eles conseguiram livros didáticos no valor de quase R$ 600 mil para os 413 bolsistas que dependem da ONG — destes, 341 frequentam aulas no Bonja. Neste momento preciso, o Projeto Resgate soma 415 ex-bolsistas estudando ou formados em cursos técnicas ou pelo ensino superior.

— O Bonja é o nosso maior parceiro, e essas bolsas de estudos ajudam esses jovens a construírem uma vida para eles e suas famílias, onde não vão mais precisar de assistência social no futuro. Não faz sentido que o destino de uma pessoa seja determinado pela classe social onde nasceram — constata Sant’Ana.

Com 95 anos de história, o Colégio Bonja tem unidades no Centro e no bairro Saguaçu, em Joinville. Para saber mais sobre bolsas de estudo, entre em contato com o Serviço de Apoio ao Estudante.

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Acompanhe o especial Jeito Bonja de Ser