A jornalista Susana Naspolini morreu nesta terça-feira (25), aos 49 anos, vítima de câncer. Natural de Criciúma, ela deixa um legado de saudades e boas memórias em Santa Catarina.

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Susana nasceu e viveu em Criciúma, até passar no curso de Jornalismo da Universidade Federal de Santa Catarina em 1991. No mesmo ano, a estudante conseguiu uma vaga no curso de teatro do Tablado no Rio de Janeiro e foi para a capital carioca. Lá, descobriu o primeiro câncer. O tratamento foi feito em São Paulo e no ano seguinte, Susana estava de volta em Florianópolis, para continuar a graduação.

Durante o curso, Laine Valgas, apresentadora do Jornal do Almoço da NSC TV, conheceu Susana. Ela relembra que muitos alunos não entendiam por que Susana havia escolhido jornalismo.

— Ela era muito atriz, muito artista. Então tudo pra ela tinha esse toque, né? Tanto que ela cursou artes cênicas aqui no CIC, depois ela foi para o Tablado. E ela encontrou no jornalismo uma forma de levar a arte para nossa profissão, então sempre com muita leveza, por mais que ela falasse de coisas que não fossem muito legais. — diz Laine.

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A amizade entre as duas ressurgiu anos depois, quando Laine assumiu a chefia do “Bom Dia Santa Catarina” e Susana era apresentadora do programa em Criciúma, na antiga RBS TV, atual NSC TV, afiliada catarinense da Globo. A apresentadora chegou a se emocionar ao relembrar os anos de trabalho ao lado da colega.

— O bacana disso é o laço que a gente forma lá atrás, né? E esse laço ele não desfaz quando ele é bem feito, eu acho que a gente tinha um laço bonito — conta Laine, sobre os anos de faculdade com Susana.

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Foi nos corredores da UFSC também que Susana conheceu Alessandro Bonassoli, atualmente repórter da Agência de Notícias da Assembliea Legislativa de SC (Alesc). Em 1993, ele era calouro também do curso de Jornalismo e conta que, apesar de não ser muito próximo, sentia-se acolhido pela veterana.

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— Ela era de uma simpatia tão grande, uma gentileza tão imensa, dona de uma alegria contagiante, que me tratava – um calouro com quem, inicialmente, pouco conversava com ela – como tratava seus amigos mais próximos — conta Alessandro.

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Os dois se aproximaram em um curso de inglês, onde fizeram trabalhos em dupla, por já se conhecerem da faculdade. Vendo a jornalista fora das telas, ele garante que a Susana não era um personagem de TV.

— Susana era e sempre foi a Susana que ganhou fama nos telejornais. Sempre sorrindo, brincalhona, buscando alegrar todo mundo, com muito bom humor e alto astral — relembra.

A última aparição de Susana nas telas foi no quadro “Fique Bem”, comandado por Laine Valgas. Na ocasião, ela ainda estava em tratamento do câncer e foi chamada para falar sobre fé, assunto que faz parte dos dois livros que escreveu ao longo da vida: “Terapia com Deus”(2021) e “Eu escolho ser feliz” (2019).

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— O que eu reaprendi com a Suzana é que ter fé não significa que vai acontecer tudo que você quer. Ter fé é a certeza de que você não está sozinho, aconteça o que acontecer, seja o que você queria ou que você não queria. Então isso me sustenta muito. A conexão dela com o divino é uma coisa que inspira porque ela sabia desse colo independente do nome da religião.

A partir da experiência da colega, Laine diz que passou a ver o câncer também como um convite para entender o que é essencial para vida.

— Às vezes eu me vejo no final desviando preocupada com 300 coisas para fazer e dar conta e ela dizia que a coisa mais incrível da vida dela era sentar para tomar um café com a filha. Ela soube aprender com cinco desafios do câncer o que é o essencial da vida.

Como jornalista, Laine diz que via na colega a certeza de que além de informação e orientação, faz parte da profissão ser companhia do público.

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— A Suzana sabia como ninguém conversar com a alma das pessoas. Eu acho que essa é a conexão que a gente liga, né? Seja pela TV, pelo rádio, por escrito. A Suzana se importava com quem estava assistindo ou ouvindo lendo ela. Ela tinha esse compromisso com a vida que estava do outro lado. Então acho que essa mensagem que ela traz.

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O compromisso de Susana também foi notado pelo colega Alessandro, que via nela um “exemplo da dedicação na busca pela qualidade sempre, não para obter destaque pessoal ou dinheiro, mas para oferecer o melhor resultado possível para o público”.

A prefeitura de Criciúma, cidade onde Susana nasceu, divulgou uma nota de pesar pela morte da jornalista.

“O Governo do Município de Criciúma vem a público registrar pêsames pela passagem da jornalista criciumense Susana Naspolini, de 49 anos.

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Susana, profissional talentosa e que construiu sua carreira focada em jornalismo de televisão, ascendeu de Santa Catarina para todo o Brasil e fez história com a linguagem popular característica de suas reportagens. Atualmente era repórter da TV Globo no Rio de Janeiro.

Há anos Susana lutava contra um câncer, e, mesmo diante das dificuldades, sempre se manteve alegre, mãe dedicada e com postura feliz e propositiva.

Um exemplo para todos nós!

Nossos mais profundos sentimentos à família Naspolini, em especial a senhora Maria Dal Farra, mãe, e a filha, Júlia.

Que Deus os conforte nesse difícil momento de dor.”

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