Há muitas teorias que tentam explicar o sentimento único que algumas pessoas experimentam ao colecionar objetos: nostalgia das coisas perdidas, desejo pelo que é raro, apego a símbolos ou o prazer de possuir artefatos históricos são algumas delas. Mas em todos os casos há um denominador comum – o colecionador adora o que faz.
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Colecionar não é o mesmo que acumular, da mesma forma que uma coleção não é um apanhado de peças recolhidas ao acaso. É preciso investigar o assunto, criar um método ou tema de interesse e procurar com diligência os exemplares almejados.
– O colecionador em geral é um estudioso da matéria. Se é selo, precisa entender dos tipos de papel e de impressão. Mas isso vale pra qualquer tipo de coleção – diz o presidente da Associação Filatélica e Numismática de Santa Catarina (AFSC), Luis Claudio Fritzen, que atualmente coleciona selos (ele vendeu a coleção de moedas há algum tempo para comprar um apartamento).
Há 65 anos a AFSC reúne principalmente adeptos dos mais tradicionais tipos de coleção: as de selos e de dinheiro – cédulas e moedas. A associação também é responsável por promover o Encontro de Colecionadores, evento que está em sua 163ª edição e reúne dezenas de pessoas interessadas nas mais diversas relíquias – de canetas a carrinhos de ferro, passando por papel de carta, tampas de garrafa e latinhas de cerveja.
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O objetivo do encontro é promover o intercâmbio e possibilitar que os colecionadores vendam ou troquem peças de seus acervos. Já estão confirmados representantes de pelo menos 10 estados brasileiros e da Capital argentina, Buenos Aires.
Participantes falam sobre o prazer de colecionar e explicam a origem de seus acervos
Nascida em um 14 de julho, Lucia de Oliveira Milazzo acha que a data marcada pela Revolução Francesa foi fundamental para determinar seu interesse por aquele país. Tornou-se professora de francês e, hoje aposentada, é dona de uma coleção de selos exclusivamente dedicada a castelos e igrejas da França.
– Se você perguntar para qualquer colecionador quantos itens ele possui, nenhum vai saber dizer. A gente começa a colecionar mais do que gostaria. Iniciei como todo mundo: achando bonitinho. Só muito tempo depois passei a fazer escolhas – conta Lucia.
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A pasta temática com cerca de 400 selos já disputou competições nacionais e ganhou a medalha vermeil – entre ouro e prata – no encontro Floripa 2008. Os avaliadores dão notas para itens como apresentação e raridade.
Antigos e bastante populares, os selos são os objetos mais comuns de colecionar – mas não dos mais fáceis. Exemplares do Olho de Boi, o primeiro selo brasileiro, custam mais de R$ 2,8 mil a peça em um site de vendas. Mas Lucia diz que não investe quantias exorbitantes na ampliação do acervo.
– É como se uma fosse uma brincadeira: a melhor parte é o prazer – define ela.
Herança do avô
Embora as grandes coleções exijam a tenacidade de anos ou décadas para serem montadas, o hobby em geral começa cedo. Bernardo Bihr tem apenas 15 anos e já é um contumaz representante da classe. O hábito iniciou há dois anos com as moedas que ganhou do avô, mas desde então se espalhou também para selos, cartões telefônicos e caixinhas de fósforo.
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– Tenho moedas do Brasil e estrangeiras. Meu objetivo é conseguir pelo menos um selo de cada país, já tenho 130. Cada item tem uma história e é isso o que acho legal – conta Bernardo.
Para conseguir novas peças e descobrir itens raros, ele utiliza redes sociais e sites especializados. As caixas de fósforos foram adquiridas em um lote à venda na internet, com exemplares de diferentes países. Além das moedas do Brasil colonial, seu item favorito é um inusitado pedaço do Muro de Berlim.
Agende-se
O quê: 163º Encontro de Colecionadores de Florianópolis
Quando: sábado das 9h às 18h e domingo das 9h às 16h
Onde: Hotel Castelmar (Rua Felipe Schmidt, 1260, Centro)
Quanto: gratuito. Não é preciso se inscrever para participar como colecionador.
Aberto também para visitação do público em geral