O presidente da Federação Internacional de Atletismo (IAAF), Sebastian Coe, prometeu nesta segunda-feira que o esporte iria mudar “radicalmente” daqui a um ano e admitiu que a “cruzada” contra o doping é o maior desafio da sua carreira.

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“Daqui a um ano nosso esporte terá uma cara radicalmente diferente da que tem hoje”, avisou o dirigente durante um fórum da Agência Mundial Antidoping (Wada) realizado em Lausanne, na Suíça.

Bicampeão olímpico dos 1.500 m em 1980 e 1984, o britânico fez essa declaração três dias depois do Conselho da IAAF decidir manter a suspensão da Rússia das competições internacionais, sanção que pode tirar o país das provas de atletismo dos Jogos do Rio-2016.

“Se olharmos para cada um desses países, trata-se de um cenário complicado, com desafios diferentes”, enfatizou.

Na sexta-feira, além da decisão sobre a Rússia, o Conselho da IAAF deu uma advertência a outros cinco países, Marrocos, Ucrânia, Belarus, Etiópia e Quênia, que de acordo com a entidade se encontram “em situação muito crítica” por causa de falhas nos seus programas antidoping.

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Perguntado se comandar o atletismo mundial em meio a escândalos de doping e corrupção é um desafio mais complicado que a pressão enfrentada quando ainda competia, Coe respondeu: “Sim, provavelmente”.

“Tive momentos de muita pressão na minha carreira de atleta, também conheci grandes momentos na minha carreira política ou à frente do projeto dos Jogos de Londres-2012, mas devo reconhecer que estou agora diante do meu maior desafio”, analisou.

O inglês também lembrou que foi um dos primeiros atletas a entrar na comissão dos atletas do COI, e que há muito tempo tem “consciência” da importância da luta antidoping, “uma cruzada na qual entrei há 40 anos”.

Apelo aos patrocinadores

Mais cedo, na abertura do Fórum, o presidente da Wada, Craig Reedie, lançou um apelo para que patrocinadores se envolvam nessa causa.

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“Está na hora de pensar em como podemos aumentar a verba da luta antidoping. As televisões detentoras de direitos e os patrocinadores precisam ajudar a financiar um esporte limpo”, sugeriu o dirigente.

Coe concordou com a ideia, afirmando que “cada um tem um papel a desempenhar”, e lembrando que a IAAF pretende dedicar “mais dinheiro à luta antidoping”.

“O problema é que todo o dinheiro que dedicamos à luta antidoping é tomado de outras atividades”, ponderou.

Enquanto isso, em Belarus, a federação local de atletismo garantiu que o país “não corre risco” de ser suspenso, apesar de ter recebido advertência da IAAF na sexta-feira.

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“Não diria que estamos numa zona de risco, a advertência diz respeito apenas a países cuja prevenção contra o doping não foi julgada totalmente satisfatória”, reagiu Alexandre Bout-Goussaïm, presidente da federação bielorrussa de atletismo, à agência russa TASS.

ebe/chc/LG