Entre as 442 espécies de cobras existentes no Brasil, 84 podem ser encontradas em Santa Catarina, sendo que 11 delas são venenosas: um tipo de cascavel, sete espécies de jararacas e três de coral-verdadeira.
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Em Jaraguá do Sul, mais de 250 serpentes foram capturadas em área urbana em 2021. Confira algumas das espécies encontradas em Santa Catarina nos últimos meses.
Cobras perigosas já vistas em SC
Na região Sul, as cobras peçonhentas mais comuns são as jararacas, coral-verdadeira e jararacuçu. Segundo o biólogo Christian Raboch, que trabalha na Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama) e é especialista em serpentes, em cada 10 cobras resgatadas em Jaraguá do Sul, 8 delas não têm peçonha.
Coral-verdadeira
No dia 29 de outubro, uma coral-verdadeira apareceu na garagem de uma casa em Vitor Meireles, no Vale do Itajaí.
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A serpente media cerca de 45 centímetros e foi capturada pelo Corpo de Bombeiros que, posteriormente, a soltou em um local de mata. De acordo com Christian Raboch, a espécie é peçonhenta, porém menos de 1% dos acidentes domésticos acontecem com a espécie, pois ela não dá bote.
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Jararaca albina
No dia 16 de outubro, uma jararaca albina adulta, com quase 1 metro de comprimento, foi encontrada próxima ao portão de uma residência no bairro Jaraguá Esquerdo, em Jaraguá do Sul.
A serpente Bothrops jararaca foi levada para a Fujama. Segundo Christian Raboch, a espécie venenosa é comum em Santa Catarina, mas essa coloração é rara.
Jararaca
No dia 24 de outubro, outra serpente da mesma espécie foi encontrada em uma residência no mesmo bairro de Jaraguá do Sul. De tamanho raro, 1,3 metro de comprimento, ela foi capturada por bombeiros voluntários e entregue à Fujama.
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Segundo o biólogo Gilberto Ademar Duwe, essa foi a maior jararaca capturada em Jaraguá do Sul desde 2017.
No dia 1º de novembro, um idoso morador do bairro Vila Formosa, em Blumenau, foi picado por uma cobra enquanto limpava o quintal.
Um amigo do idoso de 66 anos procurou o Corpo de Bombeiros para comunicar que o amigo estava em casa e havia lhe enviado uma mensagem comunicando que havia sido picado por uma jararaca.
Os bombeiros foram até a residência do idoso no dia 4 e o encontraram com a perna inchada, com duas perfurações características de picada de cobra e fortes dores. Como a situação não era mais de urgência, os socorristas orientaram que o homem procurasse o hospital, o que foi providenciado pelo amigo da vítima.
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Coral-verdadeira
No dia 21 de outubro, o Corpo de Bombeiros Voluntários foi acionado por uma moradora de Ibirama, Vale do Itajaí. No local, os bombeiros encontraram uma cobra coral próxima do gato de estimação da dona de casa, que não sofreu nenhum ferimento.
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Pela análise das fotos, Christian Raboch afirmou que a serpente é venenosa e responsável por 1% dos acidentes com serpentes no Brasil.
Outra cobra coral foi capturada nos fundos do pátio de uma casa no bairro dos Estados, em Timbó, no Vale do Itajaí, no dia 23 de outubro. Os moradores acionaram o Corpo de Bombeiros Militar que capturou a cobra venenosa e a soltou posteriormente em área de mata.
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Caninana
No dia 1º de abril, uma serpente da espécie caninana foi avistada dentro do mar, na Praia Grande, em São Francisco do Sul.
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A caninana – de nome científico Spilotes pullatus – pode atingir 2,5 metros de comprimento na fase adulta e é bem comum na região Sul do Brasil. Ela fica nas árvores – é raro aparecer na água – e se alimenta de anfíbios e lagartos pequenos.
Apesar de não ser peçonhenta (venenosa), geralmente a cobra tenta fugir de humanos e , quando se sente ameaçada, infla seu pescoço e começa a vibrar a cauda para intimidar.
No dia 15 de setembro, outra caninana foi encontrada por um morador em Jaraguá do Sul, no Norte do estado. Ela tinha 1,5 metro e estava em um quarto de ferramentas. Ela foi recolhida pela Fundação Jaraguaense de Meio Ambiente (Fujama) e seria solta na mata.
O biólogo Christian Raboch, que trabalha na fundação, suspeita que a serpente saiu da toca após as temperaturas terem aumentado em Jaraguá do Sul.
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É comum essa espécie aparecer nos dias mais quentes, podendo ser encontrada próxima a casas, pois se alimenta de roedores que também vivem em área urbana.
Outras três cobras dessa espécie foram capturadas pelos bombeiros em Garuva, entre 28 e 31 de março.
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Espécies de cobras venenosas existentes em SC
O livro Ofidismo em Santa Catarina, publicado por um grupo de biólogos da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) apresenta onde essas cobras podem ser encontradas no estado e como podem ser identificadas.
Segundo Tobias Kunz, um dos biólogos responsáveis pelo estudo, a cascavel é uma só espécie em todo o Brasil. Já as coral-verdadeira e jararaca são nomes comuns que podem ser dados a, mais ou menos, 30 espécies dos gêneros Micrurus e Bothrops, respectivamente.
- Cascavel (Crotalus Durissus): a vítima pode apresentar, em até três horas após a picada, dificuldade em abrir os olhos, dor muscular, visão turva e urina avermelhada. A espécie adulta pode chegar a 1,6 metro e é encontrada nas mesorregiões Serrana e Oeste de Santa Catarina.
- Coral (Micrurus Decoratus): tem coloração vermelha, branca e preta e branca, no padrão de tríade. Os machos são iguais ou maiores do que as fêmeas e o acasalamento acontece no outono.
- Coral (Micrurus Corallinus): pode ser encontrada nas mesorregiões Vale do Itajaí e Grande Florianópolis, incluindo a Ilha de Santa Catarina. Tem coloração vermelha, branca e preta no padrão de mônade (um anel preto e dois brancos entre dois anéis vermelhos). Após a picada, a vítima pode apresentar falta de ar, dificuldades em abrir os olhos, insuficiência respiratória aguda, dificuldade em engolir e visão turva.
- Coral (Micrurus Altirostris): encontrada praticamente em todo o estado de SC, sendo mais comum nas mesorregiões Oeste, Serrana e Norte. Tem coloração vermelha, branca e preta, no padrão de tríades: três anéis pretos e dois brancos entre dois anéis vermelhos. Elas se alimentam principalmente de cobras-cegas, lagartos sem patas e serpentes. O veneno afeta o sistema nervoso e pode causar paralisia respiratória.
- Jararaca Comum (Bothrops Jararaca): alimenta-se de pequenos roedores e é muito comum no estado. Sua picada pode causar inchaço, dor, sangramento e manchas arroxeadas. O atendimento deve ser rápido, pois a vítima corre risco de sofrer hemorragia grave, podendo vir a óbito.
- Jararacuçu (Bothrops Jararacussu): encontrada no Extremo Oeste e na região Litorânea de SC. Pode chegar a 2 metros de comprimento. O veneno causa inchaço, hemorragia e destruição dos tecidos na região da picada.
- Jararaca-da-barriga-preta (Bothrops cotiara): tem coloração castanha esverdeada com desenhos de trapézio e o ventre preto. É encontrada nas florestas com araucárias do estado. Os sintomas de envenenamento de uma jararaca costumam aparecer cerca de 3 horas depois da picada. A vítima pode ter inchaço no local, dor persistente, calor na pele, gangrena, bolhas e até mesmo insuficiência renal.
- Cruzeira (Bothrops Alternatus): aparece em áreas abertas de Santa Catarina e tem esse nome devido aos seus desenhos com linhas que se cruzam na cabeça, que se parecem com uma cruz. Em ate três horas após a picada da jararaca cruzeira, a vítima pode apresentar dor imediata e persistente, inchaço e vermelhidão no local da picada, calor, hemorragia no local da picada ou distante dela, abcesso, bolha, grangrena, insuficiência renal, entre outras complicações.
- Jararaca-Pintada (Neuwiedi): quando filhotes, a maioria das espécies de jararacas tem a ponta da cauda branca. Por isso, também são chamadas de jararaca-do-rabo-branco. As reações à sua picada são iguais às das jararacas já citadas.
- Jararacas-pintadas – B. Pubescens e B. Diporus: têm coloração que vai do marrom claro ao marrom escuro, com pontos brancos próximos à boca e ao ventre, e manchas em formato de V invertido.
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O que fazer em caso de picada
Primeiros socorros
Em caso de picada de cobra, faça os procedimentos de primeiros socorros adequadamente para evitar que a situação do paciente piore.
- Não amarre o local da picada.
- Lave o local da picada com água e sabão. Se o acidente aconteceu nas pernas ou mãos, mantenha o membro em posição mais elevada que o corpo.
- Não aplique qualquer produto sobre a picada e não tente remover o veneno.
- Não corte o local e não faça sucção ou perfurações.
- Leve a vítima rapidamente ao hospital.
- Tente identificar a serpente (por foto ou vídeo), pois isso facilitará a escolha do soro antiofídico que será aplicado.
Onde ligar
- Bombeiros (193).
- Polícia Ambiental da sua cidade (190).
- Em caso de picada, ligue para o Samu (192), Bombeiros (193) ou vá ao hospital público mais próximo.
- Para receber orientações sobre procedimentos de primeiros socorros, entre em contato com o Centro de Informação e Assistência Toxicológica de Santa Catarina (CIATox/SC): 0800 643 5252.
- Fujama: (47) 3273-8008, de segunda a sexta, das 7h30 às 17 horas.
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