Pela primeira vez na história do futebol brasileiro, um clube ocupará o banco dos réus no Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) para responder a acusações de racismo contidas na súmula. O Juventude foi denunciado pelo árbitro mineiro Alício Pena Júnior, que apitou a partida contra o Inter, dia 22 de outubro, no Alfredo Jaconi, pelo Brasileirão, em razão da atitude de alguns torcedores no estádio.

Continua depois da publicidade

Conforme o conteúdo da súmula, parte da torcida “imitava um macaco todas as vezes” que o volante Tinga tocava na bola. A procuradoria do STJD denunciou o Juventude no artigo 213 do Código Brasileiro de Justiça Despotiva (CBJD), que prevê multa e perda do mando de campo de um a três jogos. Ou seja, no caso de receber a pena máxima, o alviverde não jogará mais no Jaconi neste ano, já que o clube tem apenas mais três partidas em casa no Brasileirão.

A defesa do Juventude será baseada no fato de o racismo não poder ser enquadrado em qualquer artigo do CBJD. Além disso, o clube levará ao Rio um farto material, como o teipe do jogo, fotos de torcidas organizadas do Inter que utilizam o macaco como símbolo e um vídeo do jogo entre Inter e Vasco, no qual torcedores colorados entoam o grito de guerra “Ah! Eu sou macaco!”.

O capitão Emerson Ubirajara, comandante da 4ª Companhia da Brigada Militar (BM) caxiense, que comandou o efetivo que deu segurança ao árbitro, será a testemunha do clube. Em razão do ineditismo do fato, o departamento jurídico do Juventude não tem idéia do que pode acontecer no julgamento, que deve se iniciar por volta das 18h na 4ª Comissão Disciplinar do STJD.

Continua depois da publicidade