No mesmo ano em que a CBF inclui a punição no Regulamento Geral de Competições (RGC) para clubes de futebol em casos de homofobia, o futebol de Santa Catarina também dá um passo gigantesco. Em 2023, o Caravaggio Futebol Clube elege seu primeiro presidente LGBTQIA+. Moisés Spilere, 35, comanda os próximos dois anos do time na segunda divisão catarinense.

Continua depois da publicidade

Receba notícias de Santa Catarina pelo WhatsApp

Desde 31 de janeiro, Moisés é presidente do time da cidade de Nova Veneza, no Sul do Estado. Sua relação com o clube não é recente. Como quase todas as crianças do pequeno município, ele participou da escolinha de futebol do Caravaggio. Só que ali, ele não se encontrou como um jogador, mas como um fanático pelo esporte mais popular do país. 

— Em 2018, eu e um grupo de amigos resolvemos montar uma chapa para pegar a administração do clube, até então ele era administrado por pessoas mais antigas da comunidade. Começamos a tocar o time e, primeiro, eu fui tesoureiro do clube —, conta Moisés.

Inspiração para a comunidade LGBTQIA+

Moisés passou pelos cargos de tesoureiro e vice-presidente, chegando à representação máxima no início deste ano. O novo presidente do Caravaggio tem recebido apoio em sua gestão e analisa que ele, sendo uma pessoa LGBTQIA+, pode inspirar outros da comunidade a assumirem cargos de liderança dentro do futebol.

Continua depois da publicidade

— A gente precisa marcar território. Não tem nenhum problema um LGBT presidir um clube de futebol, ou qualquer coisa que exista neste planeta, de qualquer cargo, de qualquer setor —, questiona.

A gestão do Caravaggio, segundo o presidente, é composta por um grupo de aproximadamente 40% mulheres. A ala feminina do clube é bem forte e, ano passado, protagonizou uma ação importante em junho, considerado o Mês do Orgulho. Elas organizaram a troca das bandeirinhas de escanteio por bandeiras do arco-íris, representando a comunidade LGBTQIA+.

Especial: Vozes do orgulho

A ação surpreendeu Moisés e a repercussão à nível estadual teve alguns comentários ofensivos na internet, porém boa parte da comunidade apoiou o time. “A gente aqui no interior tem que fazer um trabalho de formiguinha, não temos grandes coletivos”.

Moisés comenta que não é um grande ativista do movimento, mas enxerga que ao “preencher as lacunas deixadas no espaço do esporte” dá chances para o futebol ser um espaço mais democrático e representativo. Afinal, como o presidente do Caravaggio mesmo diz: 

Continua depois da publicidade

— Toda a comunidade do futebol precisa disso. Porque quanto maior a diversidade quem só tem a ganhar com isso é o próprio futebol, o próprio esporte. E o esporte é vida né? Toda a sociedade precisa estar representada nele — finaliza.

Entenda o significado de cada letra do LGBTQIA+