A rotina foi algo que sempre me transmitiu muita segurança. Levantar no mesmo horário, fazer as mesmas coisas, seguir o caminho de sempre, encontrar as mesmas pessoas… tudo transmitia uma incrível sensação de controle da situação. Ah! O controle da situação… Por ouro lado, férias eram algo que me preocupava. Não sabia como seria a minha vida sem a certeza da rotina, do trabalho, dos horários. Certa vez, me questionei se sobreviveria a uma mudança de emprego. Sério! Rotina, controle, segurança, eu dependia delas. Pessoas, fatos e situações que obrigavam a mínima mudança no dia-a-dia me incomodavam profundamente.

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A passagem dos anos e um novo filho em casa afetaram tal percepção, especialmente porque notei que, quanto mais tempo passava no mesmo lugar, menos disposição eu tinha para fazer o que realmente importava (dar aulas, orientar, pesquisar, publicar, pensar, cuidar, ajudar), o que me causava uma tremenda frustração e um mau humor insuportável. Analisando os colegas ao meu redor, percebi que as pessoas mais bem-humoradas e talvez as mais saudáveis eram aquelas que apareciam no trabalho para cumprir as tarefas para as quais se exigia a presença delas lá. Uma vez essa postura deles já me incomodou. Hoje, penso diferente.

As empresas têm boa parte da culpa pela situação, ao promover uma cultura opressora que nos sufoca e nos julga publicamente o tempo todo, mas acho que a gente também deve assumir que não dá pra fazer tudo o tempo todo. Se não há outro pra fazer no nosso lugar, as organizações também precisam de mudança, assim como nós. Bom, é como estou vendo as coisas hoje.

Por isso, em 2017 pretendo passar mais tempo em diferentes lugares, conforme a natureza das atividades que desempenho. Assim como nos dá segurança, a rotina promove a acomodação e causa desgastes. Circulando em mais lugares e convivendo com outras pessoas, espero falar sobre assuntos diferentes, conhecer coisas novas, ver outras caras, intercambiar experiências. Às vezes, as coisas sairão como quero; noutras, não. Paciência… Às vezes, farei tudo que planejei, noutras, não. Fazer o quê?

No meu recente aniversário, um amigo me escreveu o seguinte: “Que seus projetos de vida nunca estejam completos, mas prontos para novos desafios e oportunidades”. A saudação provocativa sintetiza como encaro o 2017 que vem por aí. Menos tempo nos mesmos lugares. Mais tempo em lugares diferentes.

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Quem me acompanha há mais tempo, sabe que já fiz essa promessa no passado. Na ocasião, funcionou. Espero que dê certo outra vez. Vai dar!

Hoje encerro minhas atividades de 2016 neste espaço. Volto em 25 de janeiro do próximo ano. Então, Feliz Natal e boas festas para todos.