Mandatos em movimento, dezenas de suplentes em processo de transferência e uma reforma administrativa em curso preparam a antessala da próxima eleição municipal. O burburinho alimenta um clima de grande expectativa nos próximos três dias, quando encerra o prazo para que os candidatos a cargo eletivo estejam com a filiação deferida no âmbito partidário. No primeiro bloco, encontra-se o vice-prefeito Jovino Cardoso, que planejava o desembarque do PMDB para o DEM ou para o PR. Até ontem a manobra não prosperara. A concorrência interna que criaria nas agremiações de destino fechou as portas para ele. Jovino tem potencial para um volume expressivo de votos, razão pela qual seu desempenho fatalmente prejudicaria algum aliado da sigla na qual se instalasse.

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Os vereadores Beto Tribess (ex-PMDB) e Robinho Soares (ex-PSD) viram as portas se fecharem em face do resultado que projetam nas urnas. Ambos se desfiliaram por discordância com a direção das antigas legendas, mas a situação atual tornou-se insustentável. Robinho, por exemplo, conseguiu apenas ontem à noite o aval para ingresso no PR, única alternativa que considerava viável para a reeleição.

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Beto Tribess está consciente de que um novo mandato está em risco com a transferência de última hora. Por isso, analisa as possibilidades que minimizem ao máximo as ameaças à carreira política. Nesse contexto, sua principal aposta situa-se preferencialmente no âmbito da base aliada ao prefeito Napoleão Bernardes (PSDB), arco consideravelmente amplo para uma acomodação futura.

Entre os suplentes as principais novidades ocorrem no circuito PSD-PR, uma espécie de tábua de salvação para candidatos com votação intermediária, mas suficiente para a vitória, numa disputa sem medalhões dentro da própria casa. Confirmadas as especulações e apesar de sua história relativamente recente no plano local, o PR se alçaria ao status de partido médio-grande a partir de outubro. O vagão dos filiados em trânsito se completa com um novo desembarque coletivo no PMDB. Em princípio, a saída será anunciada na sexta-feira, mas uma atmosfera de dúvida e mistério cerca a manobra pilotada por figuras importantes na história recente do diretório.

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A efetiva mudança de barco deixaria o PMDB na condição de partido que mais encolheu às vésperas da eleição. A configuração final desta complexa engrenagem de desfiliações e filiações de certo modo permite um desenho preliminar do quadro de forças para a disputa da prefeitura, assinalando quais são as tendências momentâneas na conformação das alianças. Aliás, a própria reforma administrativa no primeiro escalão da prefeitura, que anteriormente privilegiaria a promoção direta dos diretores de secretaria, transformou-se numa oportunidade para que aliados de última hora se abriguem no seio da administração, reforçando o pelotão governista a seis meses da eleição.