Fenômeno eleitoral nas urnas, o vice-prefeito Jovino Cardoso é um lobo solitário. Lobos são seres gregários, vivem em grupo, na alcateia, assim como os políticos, que se reúnem em partidos. Não é o caso de Jovino. Ele não gosta da companhia de outros lobos ou políticos. Seu negócio é a solidão das pradarias.
Continua depois da publicidade
Logo que ganhou a eleição na chapa do prefeito Napoleão Bernardes (PSDB), há quatro anos, pairou a dúvida sobre o papel dele na futura administração. O tempo confirmou as suspeitas. Jovino não é governo, Jovino não é oposição. Jovino é Jovino, um lobo solitário.
Sua figura controvertida colaborou para a abertura de uma CPI na Câmara de Blumenau, depois de 16 anos sem tais investigações no município. Esgoto, ônibus, tapete negro, nenhuma denúncia teve a mesma repercussão. Os ataques vieram de todos os lados e mesmo os adversários mais ferrenhos se impressionaram com a fulminante adesão à proposta de investigação. Ele é um homem de muitos inimigos – espantou-se um vereador. A solidariedade ao denunciado foi inversamente proporcional ao bombardeio. Governo, colegas do partido, aliados do segmento religioso que o elegeu, todos lhe deram de ombros.
Nunca o vice-prefeito esteve tão isolado. De lobo solitário, corre o risco de se tornar um lobo abandonado. Não fará parte da próxima chapa majoritária e a eleição proporcional está ameaçada, com o avanço de aliados da igreja e do próprio partido sobre a sua parcela de eleitores.
Continua depois da publicidade
Pobre Jovino. Seu coração nasceu para o mundo, um campo sem muros, mas a política é uma atividade coletiva, que se pratica em grupo, num espaço compartilhado com aliados e adversários. A política fecha os olhos para o lobo em pele de cordeiro, mas não deixa que se criem os lobos solitários.