Meu pai nasceu em 1948, eu cheguei em 1968 e meu filho veio em 1988. Vinte, vinte, vinte. Imaginava que eu seria avô em 2008. Mais vinte. Nada disso. Não fui. A Antônia só chegou em 2016. Lá na minha conta, ela se atrasou oito anos, mas nos planos da sua própria vida chegou com mais de dois meses de antecedência. Faz sentido. Para um avô que foi pai imaturo, uma neta que nasce antes da hora marcada. Que enorme alegria (depois de um enorme susto) pra todos nós! Agora, a pequena já está por aí, fazendo a festa de pais, avós, bisavós e de um tio quase da mesma idade. Sim, isso mesmo, como não chegava o meu neto, nesse meio tempo preenchi o silencio da casa com a vivacidade de um filho temporão, o José Mateus.
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Vivo um momento especial aqui em casa. Olho para trás e vejo os acertos de uma época em que a preocupação com o acerto não me ocupava tanto quanto agora. Criei as crianças sendo criança ainda. Brinquei com elas, chorei com elas e cresci com elas. Que loucura!
Às vezes me pergunto como fiz tudo isso tão bem, com tão pouca experiência. É o que me encoraja agora, enfrentando de novo o desafio da paternidade e da experiência de ser avô pela primeira vez, depois de uma longa trajetória tateando no escuro. No fim dos tempos, certamente farei o balanço, comparando o entusiasmo de uma vida mais inconsequente com os zelos da maturidade.
Onde será que tudo isso vai dar, não faço a menor ideia, mas estou curtindo muito a necessidade de me reinventar a cada dia, de me cuidar para correr, jogar futebol e andar de bicicleta outra vez, me admirando a todo instante com as surpresas de um recomeço em dose dupla. Que cheguem logo os primos da Antônia.
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