A estudante universitária Taynara Shalany Casagrande ainda lembra do frio na barriga que sentiu em sua primeira aula prática na Clínica-Escola de Odontologia do campus Pedra Branca da Universidade do Sul de Santa Catarina (Unisul), em Palhoça.
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— Quando fiz minha matrícula, passei em frente à clínica e já comecei a imaginar como seria essa experiência. É o primeiro contato real de um estudante com pacientes, mas com os professores ao lado para ajudar. É um grande aprendizado — avalia a jovem de 21 anos, natural de São Miguel do Oeste.
Os cursos de Odontologia e também de Fisioterapia da Unisul contam com clínicas-escolas nos campi de Pedra Branca, em Palhoça, e também em Tubarão. Muito mais que ambientes de aprendizagem para os estudantes destes e de outros cursos da universidade, nesses locais a comunidade regional conta com atendimentos gratuitos que trazem qualidade de vida para pacientes que na maioria das vezes não tem condições para pagar um tratamento médico e não conseguem atendimento pelo setor público.
— Não há nada mais satisfatório do que ajudar um paciente a ter uma vida melhor, dar uma reabilitação, devolver a autoestima e notar a gratidão dele. Temos casos aqui que dificilmente vamos ver novamente em nossa vida profissional — revela Taynara.
— É um impacto duplo: ver o estudante descobrindo, entendendo e resolvendo e, ao mesmo tempo, perceber a mudança positiva na vida dos pacientes — reitera a professora e coordenadora do curso de Odontologia de Pedra Branca, Inês Alessandra Xavier Lima. Ela explica que cada paciente é selecionado através de triagens, buscando casos que estejam sendo abordados pelos estudantes em seus conteúdos de aula. Somente na clínica-escola de Odontologia de Palhoça são realizados entre 600 e 700 atendimentos semanais.
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— Normalmente é ali que muitos alunos se identificam com uma área de especialização, além de desenvolver ideias para projetos e também empreender — analisa a docente. Em Tubarão, a Clínica-Escola soma 72 cadeiras para atendimentos e equipamentos de tomografia de última geração.
— Isso permite que o cidadão possa concluir seu tratamento todo dentro da instituição e propicia ao aluno o acompanhamento do tratamento do paciente do início ao fim — pontua o professor Gustavo Otoboni Molina, de Tubarão.
Com 13 anos de experiência no mercado de trabalho, a massoterapeuta Daiane Bragagnolo, de 30 anos, deve se formar no final do ano em Fisioterapia pela Unisul. Ela conta que pretende trabalhar, nos próximos anos, com pacientes amputados. Os estudos na clínica-escola trouxeram, além de conhecimento e experiência com uma série de equipamentos e técnicas, um desafio para quem já se acostumou a trabalhar sozinha.
— Saí da zona de conforto, pois tive que aprender a cooperar com outras pessoas, com os professores. Não imagino a formação sem a passagem pelas práticas da clínica-escola. Ela é essencial para os alunos, e importante para os pacientes que recebem atendimento e tratamento ali — afirma Daiane.
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Professora e coordenadora do curso de Fisioterapia da Unisul em Tubarão, Fabiana Durante de Medeiros complementa:
— A grande experiência é o contato com os pacientes, a humanização do atendimento. A técnica os professores passam, mas essa experiência, esse contato, torna eles mais preparados para serem profissionais de saúde mais humanos.

Projetos multidisciplinares
Tanto as clínicas-escolas de Fisioterapia como as de Odontologia atendem funcionários da Unisul e pessoas da comunidade sem restrições sócio-econômicas.
— Cada paciente é avaliado em uma triagem. Os estudantes vão pesquisar cada caso, buscar artigos científicos e outros materiais, planejar um tratamento e defini-lo com o professor — explica a professora e coordenadora do curso de Fisioterapia de Pedra Branca, Luana Meneguini Belmonte.
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Além dos atendimentos regulares, as clínicas-escolas reúnem uma série de projetos de pesquisa e extensão multidisciplinares, envolvendo outros cursos como Nutrição, Psicologia e Educação Física.
— Nossos pacientes têm acompanhamento de estudantes de Psicologia, inclusive para os cuidadores. Também precisamos avaliar como está a alimentação de um paciente, se ele está desnutrido. Precisamos oferecer mais qualidade de vida mesmo na doença — explica a professora Fabiana, de Tubarão.
— O que queremos é essa integração entre cursos, ensino pesquisa e extensão, com a comunidade. É um currículo integrador — resume Luana.
Na clínica-escola de Fisioterapia de Pedra Branca, vários projetos de extensão complementam as ações envolvendo a comunidade. O Motiva Down atua diretamente com pessoas com síndrome de Down. Já o Recomeçando Outra Vez é voltado para mulheres curadas de câncer de mama. Outro projeto que envolve diversos cursos é o Saúde do Trabalhador, com participação de alunos de Direito e Administração.
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Com cerca de 10 mil atendimentos por ano, as clínicas-escolas de Fisioterapia trabalharam com teleatendimento e teleconsulta durante os picos da pandemia do novo coronavírus em Santa Catarina, e também com pacientes de grupos de risco.
— No começo foi bem desafiador não ter o contato físico com os pacientes, algo essencial na fisioterapia. Mas aos poucos fomos tendo uma boa resposta dos pacientes. Foi melhor do que interromper os tratamentos — avalia a estudante Daiane Bragagnolo. Na área de ensino, a Unisul passou a trabalhar no dia seguinte ao lockdown de 17 de março de 2020 com seu ambiente de ensino à distância, o Unisul Virtual, sem atrasar o ano letivo.
A Unisul conta com dois campi físicos – Tubarão (com unidades em Araranguá, Braço do Norte e Içara) e Grande Florianópolis (Palhoça e Florianópolis) –, além da Unisul Virtual. Oferecendo não apenas ensino, mas também projetos de pesquisa e extensão, a universidade tem atualmente cerca de 18 mil alunos matriculados.