De um tratamento para se livrar do vício em drogas, Leandro de Oliveira Lopes, 36, conseguiu descobrir que sua cura era ajudar quem também passava pelo mesmo problema. Há três anos, realizou um sonho, e criou a Fazenda Nova Esperança, um centro de recuperação para dependes de drogas e álcool que atende 24 homens.
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Mantido pelo Instituto Consciência Ativa somente com a ajuda de voluntários e doações, o local corre o risco de fechar as portas por falta de pagamento de aluguel e conta de luz. A reportagem foi sugerida pelo leitor Ronei, que tem um filho internado lá e está muito preocupado com a situação da clínica.
A história do fundador se confunde com a de muitos dos internos. Viciado em todo tipo de droga desde os 16 anos, ele tinha casa e uma boa família, mas preferiu morar na rua. Passou por nove internações, e nos períodos que estava bem, conseguia trabalhar e viver normalmente. Quando recaía, perdia tudo que havia conquistado.
Em 2011, viu que sua força não era estar longe daquele mundo tão tentador para ele, mas oferecer apoio. Leandro começou seu trabalho voluntário entregando sopa para moradores de rua em comunidades como Chico Mendes e Monte Cristo, na parte continental de Florianópolis.
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Com a ajuda de amigos e benfeitores alugou uma casa, onde recebeu os primeiros internos. Em cada sopa uma conversa, um desabafo, e a esperança de uma vida longe do vício. Com mais doações, conseguiu alugar a propriedade rural em Biguaçu. O espaço em meio a natureza oferece tratamento com psicólogos, assistente social e médicos:
– A maioria dos internos são pessoas que tiramos da rua, que pagam o quanto podem. Já passaram quase 500 homens, e dos que terminaram o tratamento completo, só soube de dois que recaíram – conta.
A despesa mensal da instituição com aluguel e manutenção gira em torno de R$ 5 mil, dinheiro obtido de doações e uma bazar permanente na casa de apoio, em Capoeiras. Um supermercado doa frutas e verduras, e Leandro está sempre pedindo para empresas e amigos mais ajuda.
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O coordenador explica que a entidade já tem reconhecimento como de utilidade pública, no entanto ainda não consegue fazer convênios com a Prefeitura e outras entidades, pois não possui os alvarás da Vigilância Sanitária e dos Bombeiros.
– Eles já vieram aqui e falaram quais adequações precisamos fazer, mas falta recursos. Faz um ano que tentamos terminar o banheiro, quando ganhamos um saco de cimento fazemos mais uma parte, mas como é tudo com doação, tem mês que não recebemos nada. Eu vivo pedindo mesmo, se na rua eu não tinha vergonha de pedir, agora que é por uma causa boa eu corro atrás.
Como alternativa para autossustentar o instituto, Leandro também procura empresas que queiram doar material e capacitação para a montagem de uma serralheria no próprio local. Eles já receberam a algumas máquinas, mas ainda falta outros itens para começar os trabalhos.
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– Assim também os pacientes vão poder se qualificar, e com o trabalho podem se reinserir na sociedade – explica.
Da fama para o tratamento
Quem costuma passar pelas ruas do centro de Florianópolis, alguma vez já deve ter visto Carlos Alberto Amaral, 49, anos, se equilibrando em algum poste somente com as forças dos braços. Durante anos ele viveu na rua, até aceitar o convite de Leandro para se tratar. Hoje prefere viver no anonimato. Paciente da clínica há quase 9 meses e perto de receber alta, ele gostaria de continuar na casa, realizando alguma função:
– Na rua parece que a gente pode tudo. Como eu era conhecido, conseguia comida e lugar pra dormir, mas eu era movido pelo álcool. Conseguia fazer minhas apresentações, tem até vídeo na internet com mais de 300 mil visualizações. Tirava um bom dinheiro, mas gastava tudo em bebida – contou.
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Você também pode ajudar:
Instituto Consciência Ativa
Casa de Apoio
Rua Dib Cherem, 3049 – Capoeiras, Florianópolis
Telefone: 3024 3214 / 9966 4682
Fazenda Nova Esperança
Br- 101 ,km 177 – Areias de Cima, Biguaçu