Antes que a meia-noite chegasse, bares e restaurantes de Criciúma que ainda atendiam clientes, começaram a fechar as portas na noite desta terça-feira. A notícia de que três ônibus se tornaram alvo de ataques criminosos e dois deles foram incendiados correu rápido pela cidade do Sul de SC e deixou a noite com um pesado clima de tensão e insegurança. Houve trocas de tiros em áreas mais afastadas do Centro, que, por coincidência, ficou às escuras por defeito em parte da rede de iluminação pública. Em nenhum caso houve registro de feridos graves ou presos.

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Durante toda a madrugada, policiais civis e militares permaneceram em rondas ostensivas pela cidade, sempre com armas em punho. Quem circulava, de pé, moto ou carro, era parado, revistado e tinha seus dados checados no sistema de informações de segurança.

Nas ruas, as pessoas olhavam umas às outras de soslaio, com medo de que alguém pudesse sacar uma arma, iniciar uma confusão incendiária ou ainda aproveitar a situação para promover assaltos. A chuva, persistente desde as 17h, a exemplo do dia anterior, ajudava a conferir um clima denso às ruas, avenidas e principalmente às pequenas vias de Criciúma.

Por volta de 21h, dois rapazes em uma moto disparam tiros contra o presídio Santa Augusta. Ninguém foi atingido, mas há marcas na guarita e na entrada principal do prédio. Os homens fugiram antes que houvesse perseguição policial. Após o atentado, seguranças do Departamento de Administração Prisional (Deap) e PMs permaneceram fazendo a guarda do local.

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Em outro ponto da cidade, a tensão começava com os estampidos de projéteis sendo deflagrados, motores roncando e manobras de veículos em fuga. Em função do tiroteio intenso que houve logo após a interceptação dos policiais. O primeiro ônibus foi incendiado por volta das 22h, na rua Silvino Rovaris, no bairro Paraíso. As chamas consumiram o veículo inteiro e restou apenas partes dos pneus do veículo, que foi guinchado à garagem ainda durante a madrugada.

De acordo com policiais que participaram da ação, militares à paisana chegaram ao local em que estava sendo ateado fogo no primeiro ônibus. Os criminosos começaram a atirar contra os policiais e depois fugiram. Durante a perseguição houve intensa troca de tiros por aproximadamente 30 minutos.

Depois disso, qualquer aproximação de pessoas se tornava um momento de tensão. Escopetas à mão, militares e civis percorreram toda a cidade, mesmo sob a chuva forte que começou a cair no fim da tarde de ontem.

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Cerca de uma hora e meia depois, um segundo veículo foi incendiado no Nova Esperança. Dois homens teriam sido vistos fugindo em uma moto pelos policiais e por populares. O terceiro incidente envolveria uma mulher, que arremessou pedras contra as vidraças do veículo.

Apesar dos boatos de que teria sido decretado o toque de recolher na cidade, o tenente-coronel Márcio Cabral, comandante do 9o. Batalhão da PM, afirmou que essa ordem não foi dada. O transporte de ônibus circular foi suspenso durante a madrugada.

Atentados se proliferam:

Na segunda noite de violência em Santa Catarina o número de ataques pelo menos dobrou – 16 atentados diante de oito no primeiro dia.

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As cidades atingidas foram Navegantes (2), Criciúma (4), Florianópolis (4), Itajaí (5) e Blumenau (1). A novidade foi a reação da Polícia Militar (PM) que prendeu 19 pessoas.

A segunda noite de ataques:

Navegantes: dois ônibus parcialmente queimados

Criciúma: tiros contra o Presídio Santa Augusta, dois ônibus parcialmente queimados e um ônibus apedrejado

Florianópolis: Avenida Ivo Silveira trancada com lixo pegando fogo; ônibus queimado no Bairro Ingleses, Norte da Ilha; tiros na 2ª Delegadia e tentativa de incendiar ônibus na Avenida Ivo silveira.

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Itajaí: ataque contra garagem da empresa Praiana que parte de ônibus ; quatro atentados contra carros.

Blumenau: tentativa de queimar um ônibus.

Protesto na Capital:

Em entrevista coletiva na tarde terça-feira, a alta cúpula da polícia em SC, formada por integrantes das duas polícias, secretários e diretores da área, afirmou que continua investigando ocorrências registradas contra policiais e diz que todo o efetivo está de sobreaviso até segunda ordem.