Vem desde 2010 a investigação da Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel) sobre a hipótese de que a TIM derruba ligações telefônicas propositalmente no plano Infinity, que cobra um valor único por chamada efetuada. É o que revelou um relatório divulgado ontem pela agência reguladora, que embasa uma ação na Justiça protocolada pelo Ministério Público no Paraná.

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Segundo análise da Anatel, em um único dia – 8 de março de 2012 – quase 8,2 milhões de clientes tiveram ligações interrompidas e pagaram R$ 4,3 milhões nessas chamadas. O documento aponta que o índice de interrupções de chamadas de clientes do plano Infinity, que pagam R$ 0,25 por ligação independentemente do tempo, ultrapassa os 40%, enquanto que os clientes que pagam por minuto têm um índice de interrupção de 10%.

De acordo com o superintendente de Serviços Privados da Anatel, Bruno Ramos, ainda é cedo para falar em derrubada proposital e a Anatel aguarda defesa da TIM para se manifestar. No entanto, o relatório assinado pelo especialista em regulação da agência Marcelo Vaz Netto é contundente. Em um trecho, afirma que “sob o ponto de vista técnico e lógico, não existe explicação para a assimetria da taxa de crescimento de desligamento entre duas modalidades de planos distintos”.

O relatório, elaborado por solicitação do Ministério Público de Pernambuco, demonstra que o problema é generalizado e reflete queixas de usuários em todo o país. A estilista gaúcha Adriana Souza assinou o plano há dois anos para falar com os parentes que moravam em Santa Catarina. Atraídos pelo preço e pelas facilidades de ligações para a mesma operadora, outros oito membros da família também aderiram à TIM.

– Nesse ano, a situação piorou muito. Tem dias que nenhuma das ligações dura mais de cinco minutos. Tenho que refazer a chamada para continuar a conversa e a cada nova ligação são R$ 0,25 a mais – relata a estilista que hoje mora em Santa Catarina e usa o celular para manter contato com os amigos no Rio Grande do Sul.

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Adriana faz parte dos 1,7 milhão de usuários da região sul do país que tiveram prejuízo de R$ 866.884,50 por serviços não prestados corretamente pela operadora apenas no dia da análise. No Rio Grande do Sul, foram mais de 200 mil clientes que tiveram suas ligações interrompidas no dia 8 de março, pagando quase R$ 120 mil por elas.

A TIM nega que haja interrupções propositais de chamada e questiona os números usados no relatório da Anatel, que indicam um índice de interrupção de chamadas 17,6 vezes superior ao permitido pela agência reguladora. Em nota, a operadora afirma que “foram identificados graves erros de processamento, que alteram as informações apresentadas e levam a conclusões erradas.”