Tratamento sem efeito, prejuízo financeiro e até dúvidas sobre a saúde mental. Esses são pontos destacados por uma mulher, de 32 anos, cliente da clínica de luxo F Coaching, com unidades em Joinville e Balneário Camboriú, alvo de operação da Polícia Civil por receitar medicamentos com prescrição médica falsa e fórmulas alteradas. 

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Ela conta que conheceu o estabelecimento de Joinville pelas redes sociais, após vídeos de divulgação feitos por influenciadoras digitais. Após fazer uma consulta inicial, a vítima assinou um pacote de seis meses, com pagamento à vista. 

No local, a mulher usou serviços de nutricionista e procedimento de injetáveis aplicados na clínica. Ao todo, o custo passa dos R$ 3 mil. Sem poder levar as receitas para fazer aplicações em outros lugares, o resultado estético esperado por ela nunca existiu. 

— Tive emagrecimento apenas pela dieta que me esforcei muito, mas com os remédios e aplicações não tive efeito que me foi passado. Não surtiam efeito — conta. 

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Sem alterações significativas no peso, ela explica que fez diversos exames com encaminhamentos dos profissionais da F Coaching. Como a meta planejada não era atingida, diversas hipóteses foram colocadas pela clínica, incluindo a saúde mental da paciente. 

— Mandavam eu fazer exames para saber se tinha algo de errado e não era nada. Até falaram que eu tinha depressão. Era para dar desculpas sobre o não efeito dos remédios — reclama. 

Os remédios, prescritos em receita pela clínica e que vinham de Itapema, não eram feitos por farmácias de Joinville. 

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— Tentei fazer manipulado e não consegui. Falavam que não tinham e nem conseguiam fabricar esses medicamentos. Acredito que receitavam porque os remédios eram deles — lamenta. 

Agora, com o prejuízo, a mulher afirma que vai procurar a Polícia Civil e a Justiça para exigir um reembolso pelo dinheiro gasto na clínica. 

— Pelo que fizeram com as pessoas que tiveram problemas mais sérios, que poderia ser eu. Foi tudo em vão. Que justiça seja feita — finaliza. 

Coach segue preso

Preso preventivamente na última terça-feira (15), o coach de emagrecimento Felipe Francisco, de 39 anos, segue detido, conforme confirmou nesta sexta-feira (18) o delegado regional Rafaello Ross. O dono de duas clínicas de luxo instaladas em Balneário Camboriú e Joinville foi apontado pelo Ministério Público como chefe de uma organização criminosa que receitava medicamentos com prescrição médica falsa e fórmulas alteradas.

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O esquema, segundo a promotoria, contava com participação de nutricionistas, médicos, biomédicos e até parentes do coach, incluindo a mãe dele. Esta é pelo menos a segunda vez que Felipe é preso. Em 2017, ele foi detido e, dois anos depois, condenado a oito anos de prisão pela Justiça do Paraná por atuar como nutricionista sem ter formação na área e vender medicamentos sem registro.

O empresário tinha uma clínica com outro CNPJ e, à época da prisão, a Polícia Civil havia informado que pacientes de Ponta Grossa (PR) passaram mal após usar os medicamentos. Na ocasião, ele cumpriu poucos meses de prisão e foi solto em medida cautelar.

Já em Joinville, abriu outro negócio em uma área nobre da cidade, a F Coaching, que ocupa uma esquina e possui uma fachada de vidro. No local, chegou a atuar usando tornozeleira eletrônica e conseguiu abrir o novo espaço com a função de coach, sem a necessidade de formação ou registro profissional.

A maior parte dos lucros da organização criminosa vinha da venda desses remédios. Para faturar mais, as receitas eram prescritas por um preço e se cobrava um valor mais alto por determinado remédio, porém nem sempre era utilizado o rótulo da receita, ou o composto era adicionado em menor quantidade.

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O MP diz que esses medicamentos eram conseguidos de forma clandestina e a polícia diz que, em muitas oportunidades, eram comercializados fora do prazo de validade ou não refrigerados corretamente.

Prisões e investigados

Até o momento, o total de presos pela “Operação Venefica” chegou a 10 e os investigados passaram para 29, conforme a última atualização da polícia. Todos supostamente atuam nos estabelecimentos que receitavam medicamentos com prescrição médica falsa e fórmulas alteradas.

As duas clínicas foram fechadas temporariamente, assim como farmácias de manipulação em Itapema e Balneário Camboriú, que foram apontadas como parte do esquema.

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