Em seu terceiro ano consecutivo na Série A, a Chapecoense quer aproveitar essa experiência na competição para buscar algo mais do que a permanência na elite. Para isso conta com um jogador que passou por Flamengo, São Paulo, Santos, Japão e até Atlético de Madri, time que ajudou a classificar para a Liga dos Campeões, em 2007/2008.
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Aos 34 anos, Cleber Santana foi o maestro da Chape na conquista do pentacampeonato estadual. Além disso, foi escolhido o melhor jogador da competição. Agora quer repetir o sucesso no Campeonato Brasileiro, que inicia neste domingo, às 18h30min, contra o Inter, em Porto Alegre.
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A vocação para o futebol surgiu na cidade de Abreu e Lima, região metropolitana de Recife. Primeiro filho do serralheiro Aroldo Loureiro e da dona de casa Marinalva Loureiro, o jovem Cleber sempre gostou de bola e pião.
— Ele jogava peladinha na rua em frente de casa e num campo da vizinhança — lembra Marinalva, 72 anos.
A distância de Recife a Chapecó e o calendário apertado do futebol não permitem visitas frequentes. Mas no fim do ano ele vai a Pernambuco abraçar a mãe e o irmão mais novo, Cleidson.
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A inspiração para Cleber ser jogador foi um tio, Marlindo, que tinha o apelido de Dinha e defendeu o Santa Cruz. O sobrinho jogou futsal até os 16 anos. Nessa época já estava de olho numa menina da vizinhança, Rosângela Loureiro, que passava por sua rua para ir à padaria comprar pão.
— Ele começou a me paquerar quando eu tinha 11 anos, três depois, começamos a namorar — lembra Rosângela, casada com Cleber Santana até hoje.
Quando casaram Cleber estava ainda nos juniores do Sport e ganhava cerca de R$ 600 por mês. Foram morar num apartamento alugado e compraram fiado os móveis. Logo depois ele subiu para o profissional e passou a ganhar cerca de R$ 10 mil por mês. Como era tímido, o técnico Mauro Fernandes o colocou como capitão do time, em que venceu os estaduais de 2002 e 2003.
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Rosângela disse que o marido sempre foi quieto, na dele. Essa característica passou para o primeiro filho, Cleber Júnior, que está com 14 anos.
Quando Cleber foi transferido para o Vitória, em 2004, Rosângela estava grávida de Aroldo Neto, em homenagem ao avô, que faleceu aos 43 anos, antes de conhecer os netos.
Na Espanha viveram uma situação constrangedora, em virtude do preconceito. Da sacada de casa, viram o filho mais velho ser discriminado ao tentar brincar com as outras crianças.
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— Eles não queriam brincar porque nosso filho era negro — lamentou.
Quando voltou para o São Paulo, o jogador viveu outro momento difícil, de ser reserva, um dos períodos mais tristes na carreira dele.
Em 2012, chegou no Avaí, onde foi campeão catarinense e melhor jogador do torneio. Já naquela época o Verdão tentava levar o atleta para o Oeste.
— Fizemos três tentativas até contratá-lo — lembrou o vice-presidente do clube, Mauro Stumpf.
Antes da decisão contra o JEC, a ansiedade bateu. Cleber Santana teve dificuldade para dormir e tomou seis copos de suco de maracujá na véspera da final, segundo a esposa Rosângela.
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No clube, é um dos integrantes da turma do pagode, junto com o preparador físico Anderson Paixão, Rafael Lima, Kempes e Dener. Ele pode ter cara de sério, mas é brincalhão no vestiário e considera um ingrediente importante para o sucesso no futebol.