Os candidatos a prefeito de Joinville prometeram demais nesta campanha eleitoral. Muitas coisas que prometeram, sabem que não vão cumprir. Outras são sonhos e, como tais, ficarão no cesto dos devaneios, portanto, intangíveis – e inaplicáveis. Outra fatia das promessas ficará no desejo de quem se pretende líder e concorreu ao posto de dirigente maior do mais populoso e rico município de Santa Catarina. Para sete dos oito disputantes, a maratona terminará em outubro. Estes terão de adiar a ambição de ser, ou voltar a ser, prefeito de Joinville. Parte menor das promessas, talvez, seja implementada pelo ganhador, a partir de 1º de janeiro de 2017.

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O que uns falaram dos outros durante os 45 dias nos programas gratuitos de rádio e TV não edifica a Joinville que queremos, nem ajuda a construir exemplos de cidadania. Muito menos são exemplos de liderança positiva. O que aconteceu ao longo dessas semanas é retrato da sociedade brasileira, incapaz de vivenciar o contraditório de forma serena. Ainda mais quando egos e expectativa de poder se conjugam na mesma frase.

É imensamente improvável que a eleição municipal de Joinville se encerre neste domingo, dia 2 de outubro, já no primeiro turno. A lógica aponta para um duelo entre dois oponentes finalistas, com decisão só dia 30 de outubro. Esta perspectiva ainda vai render muita falação sem nexo, muitos posts inconsequentes em redes sociais, muitas ideias fora de lugar. E muito oportunismo nos bastidores. É assim que funciona a nossa matriz mental, quando se trata de política partidária.

Até aqui, o lado sombrio e antigo da prática política tradicional brasileira. Mas não é só isso. Há, sim, como enxergar o lado positivo da realidade. Houve quem optasse por centrar sua propaganda em propostas e evitar agressões desnecessárias, cansativas e inúteis. As mensagens afirmativas garantem mais adesão dos ouvintes/telespectadores do que críticas e denúncias.

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Enfim, chegou a hora de os eleitores joinvilenses escolherem o futuro que querem ter. É hora de deixar a apatia e ir às urnas. Conhecidos os perfis dos candidatos, é importante que cada pessoa expresse, legítima e democraticamente, sua preferência em relação ao nome que comandará o orçamento municipal de R$ 2,7 bilhões em 2017. E, assim, o modelo administrativo que se deseja na gerência da cidade.

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Vim até aqui, no texto, para, afinal, sonhar.

Qual Joinville quero encontrar em 2020?

Quero uma Joinville com cinco parques espalhados pelos bairros – o principal, no atual espaço do 62º Batalhão de Infantaria. Quero uma Joinville com uma estrutura viária, com ruas de rápido escoamento de carros, aliada a uma rede de ciclovias seguras e contínuas, por quilômetros e quilômetros, de modo a se ressuscitar o slogan Cidade das Bicicletas. Quero uma Joinville planejada, com preservação de espaços verdes, e de regiões com direito a residências unifamiliares, para garantir qualidade de vida. Quero uma Joinville na qual a vista não enxergue, predominantemente, prédios de 15 – ou mais andares. Quero uma Joinville com saneamento implantado em mais de 60% de sua extensão territorial. Quero uma Joinville onde empreender seja mais fácil do que é hoje, e que a burocracia da máquina pública não atrapalhe e nem retarde ideias e iniciativas empresariais. Quero uma Joinville onde o conhecimento se dissemine. Quero uma Joinville onde as novas tecnologias, nascidas em startups localizadas no Parque Tecnológico, auxiliem no convívio social, invés de isolar pessoas e núcleos familiares e de amigos.

Quero uma Joinville na qual se perceba um rio Cachoeira sendo despoluído progressivamente. Quero uma Joinville onde as pessoas não precisem viver (quase) aprisionadas em apartamentos de 60 metros quadrados. Quero uma Joinville onde as pessoas deixem de viver amedrontadas e à espera de assaltos, roubos e/ou furtos. Quero uma Joinville onde se usufruam lazer e cultura, com a instalação de teatro condizente com o tamanho da população e com o desenvolvimento e riqueza aqui criados.

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Quero uma Joinville menos segregadora e menos individualista. Quero uma Joinville que permita às pessoas se sentirem parte do todo e usufrutuárias da evolução. Quero uma cidade pensante, onde as ideias novas fluam, em espaços múltiplos e plurais – acadêmicos ou não.

E, para não dizer que não falei de flores, quero uma Joinville florida, arborizada, que dance no Bolshoi e em outros ambientes, ao som da alegria de vitórias do JEC jogando a Série A. Quero uma Arena confortável, coberta, com serviços de qualidade para os torcedores, para lotarem o espaço de 40 mil lugares.

Quero a felicidade. Pedi muito, candidatos?