O empresário Adriano Silva, presidente da Catarinense Pharma, chegou ao posto em maio de 2013, em tranquilo processo de transição e de sucessão familiar, iniciado no ano anterior, ao tempo em que ainda se chamava Laboratório Catarinense.
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Para atingir o comando, ele atravessou todo o percurso interno: de estagiário, passou a assistente de marketing, teve outras atribuições, foi diretor e vice-presidente, já compartilhando, então, decisões com o pai, Nei Silva. Nesta entrevista, explica o modelo de gestão utilizado na companhia, fala de mercado, de negócios.
Fortemente identificado com a ação do Corpo de Bombeiros Voluntários de Joinville, o também socorrista defende que o Hospital São José seja comandado por uma organização social, uma OS.
A seguir, os principais trechos da entrevista.
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A Notícia – O senhor assumiu o comando após transição familiar. Como foi esse momento?
Adriano Bornschein Silva – Em maio de 2013 foi oficializada a transição e assumi o comando da empresa da família, o então Laboratório Catarinense. Para isso, passei por várias áreas: de estagiário, a assistente de marketing, vendas, entre outras, e, mais tarde, cheguei a vice- presidente, já compartilhando decisões com meu pai, Nei Silva.
AN – Que mudanças promoveu na organização?
Silva – Uma das prioridades foi fazer a reforma do parque fabril. Algo necessário e, assim nos adequamos à legislação nacional e internacional. Estamos aptos a atender os mais exigentes mercados. Antes dessa, a última reforma que havia sido feita data de 1995. Em 2013-2014 as reformas foram feitas, inclusive, no sistema de ar-condicionado em todos os ambientes, e que operam 24 horas por dia, todos os dias do ano. A conta de luz subiu cinco vezes. Oitenta por cento dos recursos para o investimento vieram de financiamento do BNDES. Nós fabricamos 160 itens distribuídos por 90 produtos.
AN – Quais propósitos tem a empresa?
Silva – Em 2012, o planejamento foi feito e o propósito de sermos fonte de saúde. Por isso, o foco em produtos dermocosméticos. Essa concepção de negócio também explica a parceria com a Minancora. Fazemos, desde 2014, a produção dos itens deles na unidade deles. Todos os itens, à exceção da tradicional pomada, um segredo que guardam a sete chaves.
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AN – Pensaram em comprar a Minancora?
Silva – Sim. Mas isso nunca esteve em discussão. Não há vontade deles venderem. Propusemos comprar bem antes de se formar a parceria.
AN – Qual é o objetivo para os negócios?
Silva – Queremos ser líderes nas categorias de produtos que produzimos, os suplementos alimentares. Temos como fazer isso. Por exemplo, o nosso Ômega 3 é líder nacional, com participação de mercado 50% maior do segundo colocado. O tradicional Melagrião continua um sucesso de vendas. A linha de suplementos alimentares já representa mais de 40% de nossos negócios.
AN – Há planos de fazer novos investimentos significativos, depois da reforma, já comentada?
Silva – Agora não é possível. Os investimentos feitos naquela reforma e os efeitos sobre os custos, não o permitem.
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AN – Como analisa o mercado de medicamentos?
Silva – O mercado está estável. Importante observar que aumenta a expectativa de vida do brasileiro. Há mais pessoas com mais de 60 anos do que gente com menos de 18 anos.
AN – Nos segmentos em que atua, qual é o tamanho do mercado brasileiro?
Silva – Os brasileiros consomem 20% do que consomem os norte-americanos nestas categorias de produtos que fabricamos, os suplementos alimentares. O Brasil tem muito a avançar, mas a crise retarda um pouco essa equiparação com os americanos. A expansão ainda não aconteceu por aqui. O crescimento da indústria no Brasil está amarrada e fica comprometido em razão dos custos, dos juros crescentes. Existe esse limite.
AN – Teu trabalho, como líder, tem algumas marcas bem conhecidas: atenção aos funcionários, transparência, modelo de gestão com foco em pessoas.
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Silva – A liderança tem de estar apta a compreender o lado humano dos colegas, dos subordinados. Isso me dá prazer: influir positivamente no dia a da das pessoas. Gosto muito de literatura focada em elementos da psicologia.
AN – Qual é tua dificuldade como liderança?
Adriano – As pessoas enxergam o Adriano com uma imagem humana, quase só assim. Tenho dificuldades de mostrar, a eles, que o negócio passa por números, de que tenho de dar resultado aos acionistas – a família. É importante ser ativo no desempenho financeiro, com equilíbrio.
AN – Como valoriza o trabalhador da Catarinense Pharma?
Silva – Instituímos a comenda Alberto Bornschein, um reconhecimento dado aos que são exemplares. Gosto da palavra time. Não importa tempo de trabalho que têm na empresa. O importante é a adaptação das pessoas às necessidades e aos novos padrões tecnológicos para executar seus serviços com qualidade.
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AN – O que é sucesso profissional?
Silva – Há fatores decisivos para termos um negócio de sucesso. Temos de ter produtos desejados pelas pessoas; a empresa tem de ser forte financeiramente; e temos de ter um time de trabalho com área de Recursos Humanos transformando-se em gestão de talentos.
AN – O que o preocupa em Joinville?
Silva – Joinville precisa melhorar. Como cidadão e como empresário, o que mais me preocupa é a questão da segurança. Mas o Hospital São José precisa de melhorias. O sistema de gestão tem de mudar. Como socorrista, vejo muitas dificuldades. O caminho é uma organização social, uma OS assumir a administração do São José. O Hospital Infantil é o exemplo.
AN – O senhor é uma liderança jovem, respeitada na cidade. Tem atividades sociais conhecidas e reconhecidas. E a vida pública, a política?
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Silva – Tenho muita coisa a fazer aqui na empresa. É meu foco. Não quero assumir nenhuma função fora da empresa. A política? Não. Claro que não.