O momento é de Michel Temer. O experiente político paulista a ser empossado como presidente efetivo em solenidade marcada para as 16 horas desta quarta-feira, dia 31 de agosto de 2016, terá árduas missões pela frente. O afastamento definitivo da ex-presidente Dilma Rousseff, por 61 votos a 20 dos senadores, resulta num novo quadro político, com vistas já, à eleição presidencial de 2018.

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A agenda, daqui em diante, será grande em duas frentes.

Na área econômica, as responsabilidades crescem à medida em que os desafios – alguns já postos e outros, que naturalmente virão – terão de ser superados com um grupo de ministros aptos, tecnicamente, a compreender o que a História lhes pede.

Claro que, na prática, o Brasil não vai se transformar por mágica, de uma hora para outra.

Esta é, também, a convicção do presidente da Associação Empresarial de Joinville, Moacir Thomazi.

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– Não muda nada. A expectativa , com Temer no comando, melhora a percepção dos empresários em relação aos investimentos. Muitos nos dizem isso, mas nenhum informa fazer investimentos logo. O clima melhora.

A Acij vai analisar a conjuntura, nacional na próxima reunião da diretoria, na segunda-feira, dia 5. É praxe a avaliação de cenários, mas, desta vez, há ingredientes novos a serem considerados.

Certamente, o foco de atenção de lideranças empresariais em todos os Estados do País, diz respeito a três aspectos.

1- Temer tem de enviar projeto de reformas, em especial a da Previdência Social, o que é esperado para antes das eleições de 2 de outubro.

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2- Temer terá de lidar com o gravíssimo problema do alto nível de desemprego, a assombrar os brasileiros.

3- Temer vai ter de agir para, tanto quanto possível, apressar concessões para obras de infraestrutura.

O primeiro ponto, necessariamente, envolverá elevado desgaste político junto a todas as centrais sindicais, mas ele ganhará pontos junto ao capital. O risco é uma reforma tímida demais ser aprovada, algo bem meia boca. Se isso prevalecer no Congresso, o desagrado poderá vir para todos. E o bombardeio, idem.

Se acertar a mão, conquistando base aliada expressiva, Temer estará apto a liderar um governo a ser festejado, ao menos por um dos lados: o lado que manda no dinheiro e decide investimentos.

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O segundo ponto é tão ou mais complexo do que o primeiro. Reduzir o desemprego – há 12 milhões de trabalhadores sem ocupação – é efeito de recuperação da economia, de mais investimentos produtivos de longo prazo no País. Tanto de companhias nacionais, como notadamente, de grupos transnacionais, ávidos por injetar trilhões de dólares mundo afora. E o Brasil, sob um governo confiável e minimamente previsível, é um dos destinos prioritários, dado o tamanho do mercado de 206 milhões de potenciais consumidores.

O terceiro fator é o que remete ao futuro de longo prazo. Afinal, sem infraestrutura rodoviária, ferroviária e portuária e aeroportuária adequadas aos tempos de disputa global e competitividade crescente, nada evoluirá de maneira consistente ao longo de anos.

O olhar para a nova cena política é outro. Dilma fora, inelegível por oito anos, mas mantendo o direito a ocupar cargos políticos por não ter sido inabilitada para essa finalidade pelo Senado, permite, no mínimo, duas leituras.

A primeira, óbvia, é o PT destruído, e que deverá ser esmagado nas eleições municipais. Ficará difícil, até, encontrar candidato com potencial para disputar as eleições de 2018. O que o desgaste do processo de impeachment não fez, a Operação Lava Jato fará, ainda. Lula é o alvo.

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A segunda percepção é de que Dilma, morta, morta, não estará. Credencia-se a ser secretária de alguma prefeitura importante que o PT vier a ganhar; ou, eventualmente, de um governador aliado, a vencer daqui a dois anos.

Como política nada se faz ao acaso, ao garantirem a habilitação da petista para cargos políticos não elegíveis, estariam, os senadores, pensando em causa própria, caso a Lava Jato também os alcancem nos próximos meses?

A crise política está sendo superada. Então, o novo governo tem de enfrentar a crise econômica, tranquilizar os empresários, acalmar o mercado financeiro e trazer, de volta, investidores, aquietar os espíritos. Imagina-se a fila de pedidos de audiência a serem protocolados no gabinete da Presidência e do Ministério da Fazenda e da Casa Civil daqui em diante.

Quando isso se cumprir, o Brasil estará pronto para crescer 4% a 5%. Por ora, contentemo-nos com o PIB evoluindo um e meio por cento no próximo ano. Será um (re)começo.

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