A frase do título indica a situação em que vivemos. Significa que se o quadro atual está péssimo, ainda pode – e tende – a piorar. O fato histórico do País, o mais emblemático do período democrático recente – e aí se vão três décadas – foi a ação da Polícia Federal, obrigando o ex-presidente Lula a depor para explicar o quase inexplicável: o seu enriquecimento considerado criminoso, em relatório da própria Polícia Federal.
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Lula só não foi preso porque o juiz Sergio Moro recusou o pedido. A mais grave circunstância de toda esta escandalosa realidade de corrupção intestina no poder é que ela se espalhou por todos os escaninhos e por todas as instâncias. O povo, este sim, se vê obrigado a pagar tributos em demasia e a comer menos por causa da recessão, que derrubou o PIB de 2015 em 3,8%, no pior desempenho do último quarto de século.
Sem falar do nível de desemprego crescente, já com índice de dois dígitos, a desgraçar famílias por toda parte. No horizonte, não se enxerga nada. Lula era um símbolo de força popular internacionalmente. Um exemplo de como um ex-operário foi capaz de ascender à Presidência da República, driblando os interesses da elite de então. Para, no comando da Nação, aliar-se a setores poderosos nada éticos. Neste conluio, envolvendo fraudes de todo tipo e crimes variados, o símbolo mundial de mobilidade social caiu na sarjeta. Conseguirá se levantar?
Lula jura que “a jararaca” – como se autodefiniu em pronunciamento na tarde de sexta-feira – não está morta. E avisa, num tom de desafio, que vai percorrer o País todo para reacender a chama do partido. E incendiar o Brasil com sua oratória populista. Na mesma fala, considerou-se injustiçado e não descartou que pode disputar as eleições presidenciais de 2018. O Brasil vai ferver nas próximas semanas e nos próximos meses porque a desagregação no Planalto e o desgaste da presidente Dilma nos levam ao absoluto do imponderável.
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Certo que o Brasil está prestes a viver uma convulsão. Lula pregando nas praças e reunindo gente em suas andanças, a serem rapidamente programadas, vai aguçar sentimentos contraditórios, prós e contra. Já chegamos no estágio pré-convulsivo, com potencial para explosão e confronto entre os militantes do lado petista, inconformados com a Operação Lava-jato – que pegou seu líder máximo; e a oposição partidária, aliando-se à classe média, e outros estratos do poder econômico, para derrubar Dilma e seu governo.
As ruas serão o combustível que falta. Quando o Partido dos Trabalhadores escreve que a Lava-jato coloca o País “em regime de exceção” é porque a sigla, nascida dos movimentos sindicais, perdeu a noção de realidade. E utiliza uma expressão de um passado a não se comemorar. A Polícia Federal age movida pelo interesse de colocar a nu o que há de pior em nossa sociedade: a união entre o poder e o crime. E ajuda a punir, mostrando fatos. Nada desprezível o risco iminente de radicalização.
Tomara que não aconteça, mas torcer já não é suficiente. Diante da erupção, controlar o ímpeto de uns e a sanha vingativa de outros exigirá enorme trabalho de grande quantidade de bombeiros moderados. No dia 13 de março, um domingo, haverá manifestações de rua anti-Dilma.
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Agora, também serão anti-Lula. Em meio a tudo o que acontece na cena política em Brasília e em São Paulo – e em Curitiba, no plano do Judiciário -, a população empobrece. Parte dela fala em desesperança. Outra silencia e se conforma. Porém, uma outra parte, aliás, fatia em crescimento, começa a se impacientar.
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Em outubro deste ano, ocorrerão as eleições para prefeito e para o Legislativo municipal e o estadual. Os gravíssimos fatos de agora vão interferir no processo eleitoral nas grandes metrópoles brasileiras. Os resultados em São Paulo, no Rio de Janeiro, em Belo Horizonte, em Porto Alegre e em Salvador são definidores para o encaminhamento da guerra pela Presidência da República, daqui a dois anos.
As turbulências continuarão. Sim, no fundo do poço tem um alçapão, que pode dragar quem cair nele, levando muitos outros consigo. E, de dentro dele, agonizantes ou não, pessoas com voz rouca vão gritar por socorro. Os do lado de fora ouvirão? E se ouvirem, estarão dispostos a auxiliar?
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