No embate entre aliados de um governo incompetente e corrupto de um lado; e do grupo dos bem articulados nos bastidores de outro, prevaleceu a lógica. A história oficial vai registrar que pedalar é mais do que andar de bicicleta. Já nessa segunda-feira, os sorrisos vão voltar aos rostos de muitos. Não que todos eles saibam do que estão rindo. Mas vão rir, satisfeitos.
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O impeachment será tema predominante em todas as conversas. Virou assunto popular falado nos ônibus, nas escolas, nos restaurantes, nas casas. Pena que grande parte das pessoas vai se iludir, pensando que o iogurte baixará de preço ou que o irmão recuperará o emprego.
O resultado esmagador na Câmara de Deputados implica o impeachment subir ao Senado, que afastará Dilma Rousseff do cargo, dando vez a Michel Temer, motivando sentimento de esperança no meio empresarial e entre a classe média. Neste ambiente, se comemora sem temer.
Do presidente da Associação Empresarial (Acij) vem o diagnóstico:
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– Com este fato novo, há renovação de expectativas porque até agora elas eram zero. O Brasil estava à beira da convulsão. Igualmente importante é que Temer não vai dirigir o País com ideologia. Do lado prático, essencial é o Senado votar rapidamente o impeachment lá para não haver vácuo de poder. O melhor será se ocorrer o afastamento da presidente Dilma no prazo de dez dias. A demora causa danos. Quem vai querer ser ministro nessa situação?
O presidente da Câmara de Dirigentes Lojistas de Joinville, Luiz Kunde, acredita que haverá mudança psicológica imediata na população e, por isso, o consumidor, que estava de mau humor e receoso de gastar, retornará às compras logo.
– O fator emocional conta muito. Aqui, voltaremos ao trabalho com a percepção de que temos uma chance de o País melhorar. Estamos aliviados.
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No mercado financeiro, a Bolsa poderá registrar queda nesta segunda-feira. Pode até haver realização de lucros. Isso parece um paradoxo. Não é. Não é porque os investidores já anteciparam (precificaram no jargão do segmento), em abril, o resultado favorável pelo impeachment da presidente.
Luís Leci, da Manchester Investimentos, braço da corretora XP, analisa a nova situação:
– A entrada de investimentos estrangeiros vai acontecer, a exemplo do que ocorreu na Argentina, quando Macri ganhou as eleições e assumiu o país. Acredito que a taxa de juros vai cair no segundo semestre para animar a economia, mas o nível de desemprego permanecerá nos patamares atuais até 2017.
Temer terá oportunidade única de liderar o País e promover leilões para concessão de empreendimentos no setor de infraestrutura. Medida já esperada e necessária para dar mais eficiência aos serviços, hoje prestados por órgãos federais. Na outra ponta, Temer não vai temer em cavar mais fundo a recessão. Como assim? perguntarão os incrédulos. A resposta: virá maior controle de gastos públicos – o que é saudável e imperativo – combinado com possível aumento de impostos.
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Haverá clima político para tanto?
Num olhar para o futuro mais adiante, propostas consequentes mirando as próximas gerações ficarão no desejo. Falo das reformas estruturantes, aquelas que nunca saíram do chão. Exemplos são as reformas previdenciária e trabalhista. E que, no longo prazo, poderão melhorar as contas públicas da União e a competitividade nacional frente a competidores globais.
Um governo-tampão de Temer precisará de nome respeitável no Ministério da Fazenda. Nome com trânsito na comunidade econômica e financeira mundial. Nome capaz de elevar, rapidamente, a confiança no País, de modo que possamos atrair maciços investimentos externos e, internamente, transmitir a imagem de solidez para, também eles, retomarem negócios e produção.
Claro que nossas angústias relacionadas à melhoria de padrão da infraestrutura em Joinville permanecerão latentes. Para citar só duas situações: dinheiro para as obras do campus da Universidade Federal de Santa Catarina e a licitação para a duplicação da BR-280 continuarão nos sonhos.
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