O economista André Schneider, 31 anos, presidente da seccional joinvilense da Ordem dos Economistas, faz análise da situação da economia local. Conta que começa um trabalho para formatar projeto, com outras instituições, que ajude a construir políticas públicas, acredita que já se chegou ao fundo do poço da crise e lamenta o desprestígio da profissão de economista entre os estudantes.

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Confira a entrevista:

Como avalia o cenário da economia de Joinville?

André Schneider – A economia de Joinville sempre foi – e continua sendo – muito sensível ao que acontece nos diferentes ramos da indústria de transformação. Essa é a nossa tradição. Joinville cresceu em torno dos setores tradicionais – plástico, têxtil, mecânico e metalúrgico.

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Sim. E está em curso um processo novo.

Schneider – Certamente. Vivenciamos um novo momento. As áreas de serviços e de tecnologia despontam. São novos vetores de uma Joinville inovadora. Inclusive, na área da tecnologia, há um movimento, que começou recentemente, e tem diferentes agentes atuando. Refiro-me ao plano da Prefeitura, via Secretaria de Desenvolvimento Econômico, de direcionar a economia e os negócios para um futuro antenado com o conceito de indústria 4.0, cidade inteligente, ciência… A Softville está se reposicionando como incubadora, e há a procura de sintonia, também, com universidades e empreendimentos tecnológicos da iniciativa privada. Joinville inicia a transição de modelo.

Quando a economia vai melhorar?

Schneider – Sem dúvida, em meados de 2017 a economia vai melhorar. Um dos fatores que lastreiam a economia local é a exportação porque temos várias empresas importantes, com muitos negócios no exterior. Então, em alguma medida, o nosso produto interno bruto, o PIB, depende da cotação do dólar. E temos, ainda, o turismo de negócios, outra fonte de riqueza que pode se impulsionar aproveitando a recuperação que está por vir. Nossa cidade tem posicionamento geográfico excepcional. Dispomos de seis portos num raio de 300 quilômetros de distância, rodovias cortam a cidade, indústrias de ponta estão instaladas.

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Num olhar para a macroeconomia, o que o senhor enxerga?

Schneider – Já chegamos ao fundo do poço. E, aos poucos, cresce a confiança no futuro, que era o mais sério problema enfrentado nos últimos três anos. Veja: o PIB, no primeiro trimestre deste ano, caiu 0,3% em relação a janeiro-março de 2015. Esperava-se queda maior, de 0,8%. Então, foi ruim, mas menos do que imaginávamos. Fica claro que investidores internacionais começam, de novo, a colocar seus dólares no Brasil. O governo Temer e sua equipe econômica já avisaram que privatizar muitos ativos estatais e abrir concessões para diferentes obras de infraestrutura serão práticas certas. A médio prazo, a implementação disso vai modificar o panorama atual para muito melhor.

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E no plano externo?

Schneider – No terreno externo, algumas frentes a olhar. O Brexit (saída da Inglaterra da União Europeia) pode favorecer o Brasil e países emergentes diante de dúvidas sobre os efeitos dessa iminente realidade. O resultado das eleições nos Estados Unidos, numa eventual vitória de Trump, poderá trazer fatia dos recursos dos americanos para cá.

Qual é o trabalho da Ordem dos Economistas em Joinville?

Schneider – Nosso trabalho é aproximar a Ordem dos Economistas das universidades, dos estudantes. Além de presidente da Ordem em Joinville, sou vice-presidente do Núcleo de Jovens Empreendedores da Associação Empresarial de Joinville (Acij).

O que está sendo preparado?

Schneider – Precisamos simplificar a tributação. Nesse sentido, queremos juntar a Ordem, com suas seccionais espalhadas pelo Estado, o núcleo da Acij e o Cejesc para formular sugestões e projetos que ajudem o contribuinte, com ideias de simplificação de tributos, sem que o poder público (município e Estado) percam arrecadação. Queremos construir propostas técnicas nessa direção.

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A profissão de economista é valorizada?

Schneider – A profissão de economista não tem apelo entre estudantes de segundo grau. E a demanda por economistas nas empresas é pequena. Muitas vezes, as empresas optam por contratar contador e administrador em vez de um economista para formular estratégias de negócios, orientar aplicação de recursos, ser consultor de finanças.

O senhor falou em aplicar recursos. Investir em renda fixa ainda é o melhor a ser feito?

Schneider – Aplicar dinheiro em renda fixa continua bastante atrativo porque os juros continuam elevados. Nas LCAs e LCIs, é mais difícil encontrar boas taxas líquidas de remuneração. Há uma alternativa: a debênture incentivada de companhias que possuem boa classificação de risco (rating). Estão pagando bem.