Joinville, Jaraguá do Sul e Florianópolis são candidatas a receber investimento em centro de tecnologia de empresa europeia de energia. A informação é do presidente da agência Investe SC, Diógenes Feldhaus. Rio de Janeiro e Xangai também disputam o mesmo empreendimento, que atrairá 40 profissionais. Em entrevista exclusiva de

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40 minutos, o executivo conta que a decisão da matriz será tomada em novembro, com anúncio formal esperado para dezembro deste ano.

A Investe SC tem portfólio de 150 empresas registradas, das quais 50 já têm planos de investimentos mais estruturados e conhecidos. Os três setores que mais podem recepcionar novos negócios no Estado são os da economia do mar, tecnologia de informação e de sistemistas do ramo automotivo. A estimativa de potenciais investimentos em Santa Catarina já chega a 2 bilhões de dólares.

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Como se estruturou a agência Investe Santa Catarina e como atua?

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Diógenes Feldhaus – Santa Catarina tem uma política de atração de investimentos bem estruturada, mas carecia de uma unificação das atividades. A ideia de se criar uma agência específica com esta finalidade é antiga. Havia escritório de inovação dentro do governo do Estado, mas faltava continuidade de ação. A Investe surgiu no final de 2015. Assumi o comando em abril deste ano, numa parceria entre o governo estadual e a Fiesc. Funciona dentro da federação. O foco prioritário é voltado à captação de investimentos nacionais e do exterior, para 16 setores econômicos identificados como essenciais, e que constam do PDIC da Fiesc.

Algum fato mostrou a necessidade de se apressar a criação da agência?

Diógenes – A vinda da BMW foi decisiva. Como foi um projeto enorme, envolvia variados órgãos do governo do Estado. Reunir o conjunto das informações exigiu muito trabalho. A concentração de atuação em um só local simplifica tudo para o investidor. Atuamos com dois gerentes e fazemos trabalho em rede com técnicos da Fazenda, Desenvolvimento Econômico, Articulação Internacional e SCPar. O principal é atrair empresas de setores faltantes e complementares à cadeia produtiva de SC. O esforço é proporcional ao que definimos como prioritário.

Quantas empresas estão sob prospecção e em negociação?

Diógenes – Mais de 150 empresas estão no nosso portfólio. Destas, cem estão ativas, com conversas em andamento. E, em um outro filtro, 50 estão com projetos de investimentos mais conhecidos. Juntos, os investimentos sob prospecção somam 2 bilhões de dólares.

Predominam empresas nacionais ou do exterior?

Diógenes – As brasileiras são 60%.

As de fora do País acenam com negócios em que áreas?

Diógenes – Os estrangeiros têm interesse em setores de energia (hidrelétrica, solar e eólica), tecnologia da informação (software e hardware). Outro setor com o qual estamos conversando intensamente é o automotivo. Seis sistemistas – fornecedores de peças e componentes para as montadoras avaliam instalar plantas. Acreditamos haver muito espaço para este tipo de negócio em SC

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E há outros setores com potencial para se desenvolver aqui?

Diógenes – Os negócios envolvendo a economia do mar são muito promissores. Procuramos atrair fornecedores de componentes para barcos. Até prospectamos a possibilidade de uma universidade italiana vir a se estabelecer no Estado. Tem mais.

Há mais?

Diógenes – Também trabalhamos para tentar trazer centro de tecnologia em energia e eletrônica. Uma empresa de energia, multinacional quer montar centro de tecnologia no Brasil, com até 40 profissionais. Em SC, três cidades são candidatas: Joinville, Jaraguá e Florianópolis. Mas disputamos com o Rio de Janeiro. Outra possibilidade é o investimento ir para Xangai, na Ásia.

Essa negociação está em que estágio?

Diógenes – Já tivemos reuniões. Os dados essenciais que precisavam já foram repassados. Agora, a companhia está detalhando o plano de negócios. Em novembro, a matriz, na Europa, decide e no mês seguinte devem informar a decisão. Esta conversa já dura seis meses e SC é sim competitiva. Oferecemos um pacote bem favorável, completo. Não são só vantagens fiscais. Mostramos a nossa excelência em localização, logística, infraestrutura, preparo de mão de obra, clientes próximos e qualidade do ensino.

Há outras frentes de atuação?

Diógenes – Vamos falar com diferentes fundos com negócios de fusões e aquisições. Reuniremos, em novembro, 40 empresários na mesa. Um dos potenciais negócios destes fundos é apoiarem empresas com dificuldades, em recuperação judicial. Há muitas, como sabemos. Neste caso, o papel da Investe SC é evitar o fechamento, dando-lhes oportunidade de buscar alternativas de sobreviver. Na condição de facilitadores, contatamos as cinco maiores empresas de auditoria e consultoria – as Big 5.

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O que falta para SC ser mais competitivo para ganhar investimentos de porte?

Diógenes – Um dos problemas é que são poucos os fundos de investimento com atuação aqui. A parte do capital financeiro precisa ser fortalecida.

Como avalia o cenário macroeconômico para os negócios?

Diógenes – Nos últimos meses recebemos mais consultas. As empresas estão pensando em desengavetar projetos. Em 2017 vai melhorar.