O nome do jogo é inovação. Em qualquer lugar por onde se ande, esta é a palavra mágica. O problema é exatamente isso: considerar-se o processo inovador como mágica salvadora dos negócios. Aprendemos, ainda quando criança, que a mágica tem forte componente ilusionista. Por isso mesmo, fascina tanto a todos.

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Ninguém fica indiferente a um profissional que nos “engana” com arte e técnica que desconhecemos. Lá, nos circos, pagamos para sermos enganados. O ser humano quer sempre descobrir o que não sabe. Mais ainda quando sabe que o outro – o mágico – usa truques (simples ou ousados) a ludibriar nossa percepção de realidade. Queremos compreender o que acontece nos palcos.

Saímos do espetáculo com duas imagens: a do “sábio” a nos divertir enquanto revela a nossa plena impotência diante daquilo que apresenta; e do olhar extasiado de tantos quantos não conseguem adivinhar o que foi feito diante de seus olhos.

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Não. Inovar não é um processo mágico. Ao menos, não deve sê-lo. É fruto de estudos, experiências, capacidade de “ver” para além do óbvio. É criar condições para a mente se deslocar adiante do trivial.

As ferramentas para se atingir ao sucesso na formulação de projetos diferenciados passa, naturalmente, por fatores racionais e de competências técnicas particulares; e de ordem sensitiva, a partir da qual, com muito talento e trabalho, é possível transformar ideias nascentes em negócios milionários.

Joinville tenta resgatar a noção empreendedora, tão forte no passado, ao tempo em que se forjou e consolidou a formação industrial do município. Algo perdido nos últimos 15 a 20 anos, apesar de iniciativas isoladas da iniciativa privada ao longo das duas últimas décadas.

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O poder público, de fato, não tem conseguido responder às necessidades neste campo. Houve omissão num certo período. Boas intenções mais recentemente. É pouco. Agora, na era pós-industrial, não se pode viver só de discursos pela causa da inovação. Impõe-se ação prática. E sem mágica.

O evento ExpoInovação, que começa na terça-feira, em Joinville, ganha o fundamental apoio e a curadoria do Instituto Miguel Abuhab e traz gente de peso a nos ensinar a crescer num ambiente globalizado no qual tudo se desmancha no ar com enorme rapidez e facilidade.

Justamente por vivenciarmos incertezas cotidianas, dúvidas pairam sobre o futuro imediato. Às vezes, se prestarmos atenção aos detalhes, uma frase, um raciocínio ou um insight de terceiros com visão instigante do mundo ajudam a inspirar alguém a desenvolver seu espírito criativo para o novo.

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O novo só nasce quando rompe-se com o conhecido. A frase é uma platitude. Sim, é. Valho-me dela para esboçar outro argumento: a construção do futuro depende dos criativos. São estes imaginativos que vão guiar a sociedade nas próximas décadas. Nós, de Joinville, temos a obrigação de atuar para sermos protagonistas nesta etapa futura do capitalismo brasileiro. Sob pena de perdermos o bonde e deixarmos de ser referência.

Olhar sem preconceitos para conceitos aparentemente absurdos ou desconexos e acreditar que a vida inteligente está fora dos padrões convencionais ajuda a criar pré-condições para o êxito.

Evidentemente que isto, por si só, não basta. Como se sabe, de boas ideias o inferno está cheio. É preciso ação.

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No caso de Joinville, está mais do que evidente de que a ausência de uma clara política municipal de ciência e inovação compromete a eficácia de esforços, por mais meritórios que sejam, na busca pela excelência. Se há investimentos importantes em pesquisa e inovação, eles se restringem a poucas empresas, com atuação global, que precisam ser competitivas internacionalmente.

A Prefeitura está (re)montando o plano municipal de ciência e inovação. A Secretaria de Desenvolvimento Econômico anuncia que vai apresentar o documento em abril de 2016. Ele é essencial, além da formulação das estratégias de curto, médio e longo prazos para que o município saia do sono letárgico. E para que também promova e acolha novas potencialidades de negócios e se reinsira na lista dos municípios mais ativos em segmentos econômicos dinâmicos. Inadiável.