Joinville tem o aeroporto que merece? Os frequentadores habituais já se acostumaram com o que há. Os passageiros eventuais estranham o acanhamento. Assim é. Nada foi feito? Errado. As autoridades municipais, em conjunto com a Infraero, nos últimos anos, fizeram o possível para melhorar a infraestrutura, a segurança dos voos e o conforto dos usuários. As autoridades de hoje se esforçam, igualmente. Vieram o ILS, o grooving, a melhoria nas pistas, aconteceu dura negociação pela desapropriação de imóveis próximos. A sala de embarque foi melhorada e a movimentação de passageiros (embarque e desembarque) ultrapassou os 500 mil no ano passado. E isso foi motivo de comemoração! Pouco, muito pouco para o tamanho de Joinville e região.

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Temos necessidades urgentes a serem resolvidas. A mais notória é a do valor das passagens aéreas, ainda muito mais alto do que as do aeroporto de Curitiba, para o caso de compra poucos dias antes da viagem. Convenhamos que é um tanto ridículo termos dificuldades (quase) intransponíveis para cortar árvores. Problema ainda não completamente solucionado. Como demora! Vamos admitir que é esquisito termos de lutar contra a burocracia e esperar que a Justiça derrube pedido de usucapião de área adjacente ao terminal. Ah, os interesses!

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Mesmo diante de tantos problemas, e sabendo-se das carências orçamentárias da Infraero – administradora do aeroporto – é possível que surja alternativa, para a situação melhorar. Está em encaminhamento um modelo de concessão mediante parceria público-privada (PPP) para a construção de condomínio logístico no Lauro Carneiro de Loyola. A ideia é construir 70 mil m2, com investimento de estimado de R$ 300 milhões e pagamento de aluguel pelos 25 anos de concessão.

O edital, segundo o diretor comercial e de logística André Luís Marques de Barros, será apresentado em 60 dias. Será mesmo? A assessoria de comunicação da Infraero alerta que isso pode ser modificado. E que o próprio valor também será objeto de análise detalhada. Por ora, são período e data possíveis, sem confirmação oficial. Na área pública, a distância entre a boa intenção e a realidade costuma ser gigantesca. Em época de tantas incertezas sobre o cenário macroeconômico, o documento, quando pronto e publicado no Diário Oficial da União, terá de ser muito atrativo para despertar o interesse de empresas que possam gerir e capturar rentabilidade por duas décadas e meia.

Aliás, a modelagem técnico-financeira deverá garantir a vitória do proponente que der a maior percentagem do faturamento à Infraero. Preliminarmente, com as contas feitas até agora, a União tenderá a exigir de volta pelo menos 1,2% do total das receitas.

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Lógico, será necessário encontrar parceiro da iniciativa privada para formatar, aí, uma eventual PPP para obras de complexo logístico.

O terminal de passageiros do Aeroporto de Joinville conta com 4 mil m² e capacidade para receber 800 mil passageiros ao ano. No ano passado, foram registrados 519.062 usuários, entre operações de embarques e desembarques. Não é só o edital para o complexo logístico que vai ser oficialmente conhecido daqui a alguns meses. Há projetos bem mais ambiciosos. Falo do plano diretor do aeroporto, aprovado pela Agência Nacional de Aviação (Anac) em 2013, há praticamente três anos. Também este documento, até pouco tempo uma bíblia quando se quer saber do futuro, deverá sofrer mudanças. Novo texto poderá ser redigido em algum momento próximo. Sim. Adequações técnicas e financeiras serão necessárias. Inevitáveis, até.

Porque as demandas mudam e as ideias idem. Tudo se condiciona à questão financeira para viabilizar projetos grandiosos e às modelagens matemáticas e de prospecção do futuro sintonizando-se isso ao quadro econômico e aos interesses dos empresários.

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Num momento tão complicado como o atual, tudo é indefinido, embora a ideia de concessão de empreendimentos de infraestrutura aeroportuária, em princípio, agrade à iniciativa privada.