O Facebook é um instrumento de comunicação instantânea que tanto pode servir à informação qualificada e rápida como pode atender a necessidades pessoais de desabafar seus problemas e postar imaginação completamente divorciada dos fatos.

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Não tenho “Face”. Ainda que indiretamente, por terceiros, ouço, óbvio, muitas besteiras por aí. Até mesmo bobagens travestidas de verdades vindas de gente supostamente bem informada. Profissionais de sucesso, formados em universidades conhecidas e respeitadas, revelam seu lado fofoqueiro inconsequente. Reverberam conteúdos insanos ouvidos de outros iguais. Ao repetirem mensagens equivocadas, só alastram a desinformação. Cuidado. Não se deixe envenenar.

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Um dos assuntos mais sérios tratados irresponsavelmente nesta rede social, acessada por milhares de brasileiros, é o da falácia de que a presidente Dilma Rousseff vai confiscar a poupança. Claro que não vai.

Inacreditável ver este tipo de ideia prosperar entre contadores, empresários, executivos e advogados. Ouvi esse comentário nesta semana enquanto esperava para ser atendido por um prestador de serviço. O espanto transformou-se em indignação. Não apenas pela natureza da fala, feita num tom que vai entre a pergunta e a certeza. Pior, muito pior, é o “argumento” apresentado: “isso já aconteceu antes!”.

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Pois é. Assim, desta maneira rasa, milhares e milhares de pessoas espalham (alguns tentam impor) seus conceitos a outros milhões e milhões de brasileiros crentes ou desavisados, que acreditam em disparates.

Lembrar de Fernando Collor, que deixou a todos perpelexos com seu jeito juvenil de governar o Brasil – e tê-lo como parâmetro de ação gerencial em meio à crise -, só reforça a incapacidade coletiva de entender nossa história. Dilma não é Collor. Não vivemos em 1990. Nem as roupas formais da presidente se parecem com os shorts. Nem ela corre à volta do lago. Sequer maneja barco.

Está bem que a remuneração da poupança como aplicação financeira é ridícula. Nem mesmo é recomendada. Investir nisso é prejuízo certo: paga menos do que a inflação. Então, os saques bilionários ocorridos nestes últimos três meses deveriam ser, apenas, fruto de dificuldades financeiras das famílias. Retirar recursos poupados para garantir compras essenciais do mês e pagar dívidas contratadas é natural.

Sair da poupança porque rende minguados reais e reaplicar noutras modalidades de investimentos conservadoras causa, sim, problemas. De outro tipo: diminui o dinheiro disponível para financiar a compra de imóveis. Isso é mundo real.

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Inevitavelmente coerente para quem pensa em remunerar adequadamente seu capital. O que não é nada natural é sacar o dinheiro da poupança e colocá-lo embaixo do colchão com medo de que ele vá desaparecer, como por mágica, derivada de sequestro presidencial.

Esqueçamos as fofocas. Vamos ao que nos interessa de verdade. Vamos estudar história para compreender melhor nosso tempo. De posse de conhecimento enraizado na lógica, façamos escolhas de investimentos rentáveis, sem descuidar da racionalidade, do senso prático e de alguma dose de conservadorismo. Como convém, nestes tempos bicudos.