Vamos para a rua! Este é o título de texto assinado pelo presidente da Associação de Joinville e Região da Pequena, Micro e Média Empresa (Ajorpeme), Carlos Eduardo de Souza, chamando os associados a irem às manifestações anti-Dilma, neste domingo, na praça da Bandeira, coração da cidade. Transcrevo:

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– Vamos todos para a rua mostrar nosso apoio às ações do juiz Sérgio Moro, da Polícia Federal e do Ministério Público de forma pacífica e inteligente. Essa é a hora de definir o futuro de nossas empresas, de nossas famílias e nossa sociedade. Procuremos aflorar o melhor de nós e mostrar para os agentes públicos e políticos que estamos vigilantes em seus atos e não aceitamos mais essa política velha, de trocas de favores e estratégicas, somente de poder e não de governabilidade. Precisamos de ações que contribuam para o crescimento econômico e para a melhoria da imagem do nosso País. Neste dia 13, vamos fazer história: pela moral, pela ética e pelo bem do Brasil. Vamos usar as cores da nossa bandeira, nos afastar dos arruaceiros e não aceitar provocações.

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Não serão só os líderes de negócios de pequeno porte que vão se juntar nas ruas centrais de Joinville. Os empresários que comandam grupos locais maiores também irão. No contexto estadual, a própria Fiesc vai juntar-se à manifestação. Em nota pública, o texto da federação opta pela expressão “mobilização nacional” em vez de manifestação, a ser desencadeada em torno de seis pontos: menos juros, menos impostos, menos inflação. E mais ética, mais indústria e mais emprego. Os três elementos inicialmente relacionados fazem parte das demandas históricas da entidade empresarial mais importante do Estado. Os outros três focam em valor comportamental, produção de riquezas e em política industrial e estratégias macroeconômicas capazes de induzir a um menor nível de desemprego.

A ida dos agentes econômicos aos atos deste domingo se ampara em outros fatos: o do derretimento dos negócios e a perda de valor das companhias, dada a recessão crônica e inigualável desde os anos 30 do século 20. Eles todos se encontrarão nas ruas porque cansaram do desgoverno. E, principalmente, porque enxergam a iminência do fim do mandato da presidente, acuada por todos os lados e prestes a sair do comando do País. Então, as fórmulas são múltiplas. A mudança de comando do País pode acontecer. Há ensaios de variados matizes. Pela via do impeachment. Talvez pela renúncia. Ou pela delicada costura de reintrodução do parlamentarismo, como instrumento e estratégia temporária para se evitar a conflagração social.

Em Joinville, as vozes anti-Dilma serão, majoritariamente, de jovens, de políticos e de gente convidada por siglas oposicionistas. Natural isso. O que será novo? Será a presença do capital num evento, digamos, popular, também lotado de rostos da classe média. Numa etapa da história do Brasil na qual a noção de cidadania se esvaiu por (quase) completo, e com maciça rejeição à classe política institucionalizada, o diferente poderá ser o caminhar dos donos de empresas e de seus executivos. Eles, os empreendedores, querem o término da era petista. Identificam na saída desse grupo do poder uma chance de retorno a tempos menos traumáticos. Entendem ser vital a queda do governo atual, como forma de o País se reerguer. A ideia é de que a confiança nos destinos do Brasil só será retomada se o ambiente político sugerir trégua entre “nós ” e “eles”. No caso, “eles”, os petistas, caindo fora.

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Da semana que acabou, os fatos denunciam o apagar de um governo já inexistente. Um resumo rápido. A extensão das ações da Polícia Federal sobre o ex-presidente Lula; o pedido de prisão contra ele feito pelo Ministério Público de São Paulo; as negociações do presidente do Senado, Renan Calheiros, pela volta do parlamentarismo; a perspectiva de Lula virar ministro para escapar da prisão. A lista, feita aqui, dá bem a noção da tragédia que enfrentamos e com a qual somos obrigados a conviver. Os empresários não falam abertamente o que pensam. Mas já falam mais do que há um ano. O medo do poder de Brasília já não assusta mais (tanto). Há um sentimento de que mudanças estão a caminho. E como o poder econômico, em regra, caminha ao lado do poder político, este domingo será dia de conferir um capítulo da história acontecer.