A nova presidente da Associação Brasileira de Recursos Humanos, seccional Santa Catarina (ABRH-SC), Tetê Barbeta, gerente de RH da Docol, analisa o momento para o setor e fala de prioridades dos gestores nesta entrevista exclusiva à coluna. Argumenta que as empresas precisam preservar os melhores profissionais e, algumas delas, devem ser mais ousadas e dinâmicas.
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Avalia que há procura incansável por recolocação no mercado por parte de trabalhadores neste momento de alta do desemprego. Ao mesmo tempo, afirma que os salários têm limite para cair, em razão da necessidade de garantir-se a produtividade, elemento essencial à competitividade dos negócios. O mandato da executiva é para o triênio 2016-2018.
Abrangência
– A entidade tem oito regionais (Joinville, Florianópolis, Itajaí, Blumenau, Jaraguá, Brusque, Criciúma e Tubarão) que possuem 675 associados. Em 2016, será inserida no grupo a unidade de Chapecó. A nova gestão tem como um dos seus desafios promover ações que possam aumentar significativamente o número de associados e ampliar o portfólio de produtos promovendo o conhecimento e disseminando as melhores práticas. Também pretende intensificar a influência e ações na gestão de pessoas, buscando mais conectividade com os profissionais de RH e líderes de outras áreas.
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Alternativas
– Cada vez mais o RH deve instrumentalizar suas ações com medição dos resultados. A temática de produtividade dentro da organização, a contenção de custos, trazendo novas alternativas, devem ser o foco de RH, bem como atrair e destacar os talentos que estejam em sincronismo com a realidade e cultura da empresa. Avaliamos neste momento as formas alternativas de manutenção do emprego, tais como redução de jornada e salário, compensação, banco de horas, home office etc. Outro foco importante é a capacitação das lideranças e desenvolvimento de sistemas de remuneração que reconhecem a contribuição individual e coletiva por resultados.
Desemprego
– Temos em torno de dez mil desempregados em Joinville. Isto implica num grande problema social quando consideramos que afeta mais de 30 mil pessoas. As estatísticas demonstram principalmente o crescimento do desemprego na indústria, o que já afeta alguns setores e deverá influenciar outras áreas ao longo do primeiro semestre de 2016.
Entrega
– A baixa produtividade dos trabalhadores brasileiros tem várias causas: nível de escolaridade, investimentos em tecnologia e inovação, infraestrutura precária e burocracia. Enquanto um trabalhador chileno produz, em média, 200 pares de sapatos num ano, o brasileiro produzirá apenas 100. A relação entre funcionários e empresas mudou. O que era uma grande oferta de empregos, agora foi substituído pela procura incansável de uma recolocação no mercado de trabalho. As organizações buscam a pessoa mais qualificada e preparada para o cargo, com muito mais entrega na sua área de atuação. Já não basta somente conhecer, é necessário ter comportamentos que levem suas atribuições a outro patamar de excelência.
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Cautela
– Os dados indicam que o nosso PIB será negativo em 2015, em torno de 3 a 4%. Para 2016, a situação ainda é preocupante depende bastante da estabilidade política. Temos potencial de consumo represado, mas 2016 pede cautela em termos de custos e investimentos, pelo menos no 1º trimestre.
Pessoas e desenvolvimento
– O RH deve dizer ao CEO que é preciso observar a questão dos custos, mas não esquecer que precisamos melhorar a competitividade. É preciso treinar e incentivar o crescimento das pessoas e melhorar o processo seletivo. O foco é atuar na cultura, no clima e no desenvolvimento.
Oportunidades
– Existem oportunidades especialmente nas empresas de alta tecnologia. Muitas empresas precisam ser mais dinâmicas e ousadas, e terão que buscar profissionais mais alinhados às necessidades. Profissionais da área de vendas estão sendo observados com mais critério. Gestores financeiros que priorizem as oportunidades de redução de custos, são valorizados. Projetos inovadores que criem produtos mais baratos também devem gerar vagas.
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Salários
– Se as empresas quiserem realmente os melhores profissionais, há um limite de redução de salário. Lembro que quem está empregado reluta mais em mudar de emprego no momento de crise – é um momento inseguro. De forma geral, os mais competitivos se mantêm empregados e não trocarão de empresa.
Lideranças
– Para os líderes, cabe uma postura de dono, atitude de protagonista, ter senso de urgência, mas também a capacidade de priorizar e fazer acontecer. As lideranças devem estar muito mais preparadas em gestão. Desenvolvimento em lideranças é a palavra chave nas estratégias de RH.