— O Brasil não pode parar. Precisamos valorizar as empresas sérias e transparentes. E encontrar uma fórmula para voltar a avançar o mais rápido possível, com as reformas, para criar um ambiente que permita o crescimento.
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A fala do presidente da Federação das Indústrias de Santa Catarina, Glauco José Côrte, feita na sexta-feira, durante a cerimônia de entrega da Ordem do Mérito Industrial. No evento, Carlos Rodolfo Schneider, de Joinville; Ademar Sapelli, de Brusque; Álvaro Weiss, de São Bento do Sul; José Samuel Thiesen, de Saudades, além do governador Raimundo Colombo, receberam a distinção.
Côrte, líder da indústria no Estado, mostra-se preocupado com o alcance dos efeitos da crise política. Qualifica-a de ¿terremoto¿, e reconhece que a cena novamente se agravou ¿de maneira dramática¿, trazendo ¿insegurança¿ sobre a recuperação econômica. Essa nova situação negativa tende a atrasar a perspectiva de geração de empregos. Côrte ainda lembra que chegamos a um ¿recorde lamentável: de 14 milhões de desempregados no País¿.
O presidente da Fiesc e a torcida do Corinthians sabem que o governo Temer está sepultado. Também sabemos todos que uma fórmula rápida a equacionar a crise soa improvável, dadas as regras do processo eleitoral brasileiro. A julgar pelos fatos, que se sucedem e modificam a compreensão das coisas a cada hora, com delações em profusão, a ruína absoluta do governo se aproxima – esta sim, rapidamente.
Em Santa Catarina, as consequências das delações da JBS alcançaram, politicamente, o governador Raimundo Colombo. Colombo nega veementemente ter cometido ilicitudes. Em especial, no caso em que o grupo econômico JBS havia demonstrado interesse em adquirir a companhia de saneamento estatal. A venda que nunca aconteceu.
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Estas revelações nas delações empurram as eleições estaduais do próximo ano para uma profunda incógnita. De agora em diante muita coisa pode ocorrer. Ou nada. Parece lógico que serão muito poucos os nomes de possíveis candidatos a receber a atenção do eleitorado. Mas esse é um outro assunto que não cabe neste espaço.
No plano da economia – e aí não importa se no Estado ou no País –, os investidores só enxergam oportunidades novas em regiões ou países onde encontram estabilidade, política econômica favorável e regras jurídicas estáveis e duradouras. O Brasil de hoje não cumpre nenhuma das três pré-condições citadas.
O primeiro aspecto só será recuperado a partir de um desfecho claro para Michel Temer e seu governo. Enquanto ele persistir em ficar no cargo, nada feito. Até porque, o bom senso recomenda nunca se tomar decisões no calor do embate.
O segundo fator implica em se conseguir aprovar reformas. Agora, esqueçam. Vai demorar muito. Coisa para 2018, talvez. E o terceiro item também depende de como os governantes compreendem a realidade. Na (quase) ausência de governo, dá para imaginar.
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Por isso, não há ninguém, minimamente são, a confirmar investimentos grandiosos de longo prazo, salvo se essa programação financeira já estiver mapeada no horizonte, e houver claramente, identificado, um mercado comprador à espera. Raridade.
Há menos de 15 dias, o otimismo voltava. Tímido, mas voltava. Justamente porque indicadores macroeconômicos mostravam recuperação. De uma hora para outra, inesperadamente, o terremoto adiou sonhos. O problema ressurgiu. E com força descomunal. Neste ambiente absolutamente deteriorado nas relações político-institucionais, e incerto no campo dos negócios, o curto prazo encaminha-se de forma indesejável.