Até a presidente Dilma Rousseff está muito preocupada com a escalada da onda inflacionária persistente. Sabe do significado prático e psicológico negativo disso para a população. O aumento dos preços perturba o conjunto dos diversos estratos socioeconômicos. Os consumidores, quando vão ao supermercado fazer as compras da quinzena, ou do mês, repetem a mesma frase há mais de meio ano: “Tudo está muito caro! E subindo de preço!”.

Continua depois da publicidade

Curioso é que a pesquisa mensal da cesta básica do Procon de Joinville captou um movimento inverso: mostrou queda de 0,56% em junho no comparativo a maio. É pouco, quase nada. Talvez por isso o povo afirme, convicto, de que nada mudou.

Leia os últimos textos do colunista Claudio Loetz

A memória recente nos faz lembrar dos alimentos mais caros a cada mês. Esta ideia permanece valendo no nosso subconsciente. Se consumir itens de alimentação em casa já tira o sono, esvazia o bolso e implode os limites nos cartões de crédito, imagina o que é almoçar ou jantar em restaurantes.

Foi-se o tempo em que comer fora, em Joinville, custava metade do que se pagava em São Paulo. A comparação é adequada. Hoje, quem vem da capital paulista e chega aqui se impressiona com a realidade: a diferença é pequena, muito pequena. Temos lazer a custos de metrópole latino-americana, quando se avaliam restaurantes de padrão médio.

Continua depois da publicidade

A presidente adverte: a alta dos preços deve ser derrubada “logo”. Segundo a governante, o Brasil “não pode e não vai” conviver com uma alta taxa de inflação. Não se trata de que não vai. Já estamos convivendo. O número de maio registra, de novo, aceleração dos preços, segundo o índice oficial, calculado pelo IPCA: o aumento foi de 0,74% em relação a abril.

Foi-se o tempo em que comer fora, em Joinville, custava metade do que se pagava em São Paulo. A comparação é adequada. Hoje, quem vem da capital paulista e chega aqui se impressiona com a realidade: a diferença é pequena, muito pequena. Temos lazer a custos de metrópole latino-americana, quando se avaliam restaurantes de padrão médio.

A presidente adverte: a alta dos preços deve ser derrubada “logo”. Segundo a governante, o Brasil “não pode e não vai” conviver com uma alta taxa de inflação. Não se trata de que não vai. Já estamos convivendo. O número de maio registra, de novo, aceleração dos preços, segundo o índice oficial, calculado pelo IPCA: o aumento foi de 0,74% em relação a abril.

O problema é que o sentimento de perda de poder de compra se espalhou para todas as camadas sociais. Aqui em Joinville, esta compreensão é a mesma da dos moradores dos grandes centros econômicos. Ninguém está imune e nem fica ileso desta chaga econômico-social, que teima em nos amedrontar duas décadas após a criação do Plano Real, que nos ofereceu, na época, estabilidade econômica e previsibilidade de futuro.

Continua depois da publicidade

A guerra contra a inflação tem de ser prioritária. Absolutamente prioritária. Pelo simples motivo de que é pela boca que se ganha (ou se perde) eleição presidencial. Quer dizer, é a economia, portanto a qualidade de vida da população, que define apoios ou rejeição ao político no poder.

A estabilidade, a tanto custo obtida com o distante Plano Real, há 20 anos, está a perigo? Diria que não chegamos a tanto. O problema fundamental está na confiança – ou desconfiança – da sociedade em relação ao seu futuro imediato. Porque é disto que se trata: o povo olha para o momento presente e, no máximo, para alguns poucos meses adiante. Nossa cultura não é a do planejamento de longo prazo.

Somos, os brasileiros, incapazes de mirar para daqui a três, cinco anos. Queremos respostas instantâneas para nossas carências e necessidades. Isso acontece porque, à exceção deste curto período pós-2005, raros momentos garantiram inflação muito baixa no decorrer de nossa história de país republicano.

Claro que as circunstâncias gerais da economia brasileira atual tendem a uma diminuição dos preços daqui a poucos meses. A razão é elementar: milhares e milhares de trabalhadores foram demitidos. Outros mais estão em férias coletivas. Todos contendo despesas ao limite mínimo do indispensável. Estes grupos deixam de comprar muita coisa. E como a velha e conhecida lei da oferta e da procura é irrevogável, quando menos gente busca algum produto ou serviço, ele desacelera naturalmente.

Continua depois da publicidade

O raciocinio que se impõe, diante disso tudo: a inflação vai desacelerar aos poucos, em razão do aprofundamento da crise. Um remédio duro de engolir e que vai deixar muitos feridos pelo caminho neste ano.