A Associação Empresarial de Joinville (Acij) lança, no dia 15 de fevereiro, seu código de ética para balizar as ações e o comportamento coletivo de seus diretores, funcionários diretos, terceirizados e demais agentes com os quais se relaciona institucional e economicamente. O documento, ainda não conhecido publicamente, é um compromisso com a postura correta de todos quantos a ela estão ligados, direta ou indiretamente. A entidade sustenta, com razão, que a ética dá força e sustentabilidade aos negócios.
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A consolidação, num texto-padrão único, dos preceitos que devem ser seguidos indistintamente por todos, indica que a preocupação com o fazer certo ganha conotação oficial e perene na entidade empresarial centenária. A Acij é a mais representativa dentre todas as associações de Joinville e região Norte de Santa Catarina e atua na defesa dos interesses empresariais e de causas maiores da cidade. Diante da óbvia relação de interesses entre empresas, organizações e governos, o nascimento deste código ganha em importância.
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O mundo, à nossa volta, nos dá múltiplos e diários exemplos claros de como não se deve agir. Basta um olhar superficial no noticiário para se constatar o quanto a sociedade brasileira é individualista e inescrupulosa. A corrupção (ativa e passiva) campeia. Os malfeitos, as irregularidades funcionais de toda ordem e os desvios de conduta são denunciados e, mesmo assim, multiplicam-se como bactérias, a infestar organismos que se pretendem saudáveis.
O estabelecimento de regras bem definidas – isso aqui pode; aquele outro é proibido – torna o ambiente e a convivência menos suscetíveis a vontades pessoais, embora na maioria das vezes legais, e eventualmente ilegítimos. Por vezes, inadequados à imagem de qualquer corporação. Daí o grande significado simbólico e prático do anúncio da Acij. A entidade se alinha a valores e princípios. Os principais: o trabalho voluntário; a transparência; a responsabilidade social; a observância às normas e regulamentos, como escreve o presidente João Martinelli em carta enviada aos associados.
Atualmente, uma empresa, um órgão e uma instituição são percebidos, de um jeito ou de outro, e também se padronizam mandamentos subscritos e validados. Fator irrelevante há alguns anos, dispor de instrumento regulatório é positivo na na hora de negociar com terceiros.
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A ética é um valor em si mesmo. Prescinde de adjetivação. Dispensa atributos. Insere-se dentre os valores intangíveis da cidadania. E da democracia. Quando os desejos de uns poucos se sobrepõem à vontade do grupo, e isso é feito às escondidas, e fica impune, surge o conceito de que não é preciso respeitar nada. Rapidamente, essa lógica coopta mais pessoas, inibe boas práticas, torna incivilizado o local de trabalho, afugenta os íntegros. O que só faz elevar, exponencialmente, o lado negativo.
As empresas bem estruturadas têm seu código de conduta escrito e difundido naturalmente. Muitas delas, em especial as corporações multinacionais, já instituíram, há pelo menos década e meia, cadernos com normas a serem seguidas para o bom funcionamento da convivência interna. Afastada qualquer veia de ingenuidade, por incabível, os códigos de conduta servem, ainda, para demonstrar integridade de propósitos.
Elemento vital nesta época de tanta apuração de crimes de corrupção envolvendo agentes públicos e iniciativa privada.
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A história nos mostra inúmeras situações antiéticas. Desde que o mundo é mundo, uns querem se prevalecer de posições ou prerrogativas de mando, desconsiderando os demais. Quer pela imposição da força, quer pela força do convencimento dos fracos ou, ainda, pela submissão da maioria. Alternativamente, pela omissão de tantos, porque, neste caso, pensam que fingir desconhecimento dos fatos é uma forma de não se incomodar. E assim tem sido. E continua sendo. O silêncio não salva ninguém. Apenas prejudica possível esclarecimento de eventuais crimes cometidos no rastro da prevalência da falta de ética.
Nada melhor do que saber o que é aceito pelo grupo ao qual pertencemos. Auxilia a moldar o espírito, a agir em acordo com o previsto pelos estatutos. Tanto os escritos, como será no caso do documento que a Acij tornará público daqui a duas semanas, quanto aqueles inscritos na moral coletiva de uma sociedade.
Ética e moral ajudam a reprimir os nossos instintos. Mesmo sendo coisas distintas, como ensina a Filosofia, ética e moral se entrelaçam a inspirar vida civilizada. Juntas e indissociáveis, a ética e a moral orientam para como devemos e podemos ser, à luz dos nossos aprendizados. E da coerção das regras.
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