Em momentos de tragédias como a de Santa Maria, as redes sociais revelam o melhor e o pior não apenas do ser humano, mas do uso dessa tecnologia que aproxima pessoas e possibilita troca de informações em tempo real de e para qualquer lugar do mundo. Como em qualquer espaço público, há nas redes pessoas de quem queremos nos aproximar, porque oferecem conforto ou informação de boa qualidade, e pessoas que parecem pertencer a uma categoria de ser humano que se mostra incapaz de interagir socialmente de forma construtiva – pelo menos virtualmente.
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Na mesma velocidade com que pessoas próximas e distantes da tragédia, anônimos e famosos, manifestavam solidariedade, usuários de Twitter e Facebook eram surpreendidos por revoltantes manifestações de humor negro, demoníacas insinuações de conotação religiosa pelo fato de a tragédia ter acontecido em um local de diversão, além de análises apressadas pedindo linchamento indiscriminado antes mesmo de se saber exatamente de quem.
Nessas horas, quando a reação não é mediada pela reflexão ou pelo bom senso, é possível agir no mundo virtual com a falta de caráter que a relação presencial eventualmente ajuda a disfarçar. Reações impensadas desse tipo acabam ofendendo não apenas as vítimas e suas famílias, mas a todos nós que aprendemos a transformar as redes sociais em uma segunda sala de estar das nossas casas – e que vimos esta sala coberta de dor e consternação nas últimas horas.
Por outro lado, as redes serviram para que se multiplicassem os pedidos de reforços de profissionais para atender os sobreviventes e suas famílias e para disseminar informações de utilidade pública, como pedidos de doação de sangue. Possibilitaram ainda o espaço ideal para o imenso luto coletivo que tomou conta não apenas do Estado, mas do mundo todo. As redes são o que quisermos fazer delas – e com certeza tem mais gente usando para o bem do que para o mal.
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A tragédia
O incêndio na boate Kiss, no centro de Santa Maria, começou entre 2h e 3h da madrugada de domingo, quando a banda Gurizada Fandangueira, uma das atrações da noite, teria usado efeitos pirotécnicos durante a apresentação. O fogo teria iniciado na espuma do isolamento acústico, no teto da casa noturna.
Sem conseguir sair do estabelcimento, mais de 200 jovens morreram e outros 100 ficaram feridos. Sobreviventes dizem que seguranças pediram comanda para liberar a saída, e portas teriam sido bloqueadas por alguns minutos por funcionários.
A tragédia, que teve repercussão internacional, é considera a maior da história do Rio Grande do Sul e o maior número de mortos nos útimos 50 anos no Brasil.
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Veja onde aconteceu

A boate
Localizada na Rua Andradas, no centro da cidade da Região Central, a boate Kiss costumava sediar festas e shows para o público universitário da região. A casa noturna é distribuída em três ambientes – além da área principal, onde ficava o palco, tinha uma pista de dança e uma área vip. De acordo com o comando da Brigada Militar, a danceteria estava com o plano de prevenção de incêndios vencido desde agosto de 2012.
Clique na imagem abaixo para ver a boate antes e depois do incêndio
A festa
Chamada de “Agromerados”, a festa voltada para estudantes da Universidade Federal de Santa Maria (UFSM) começou às 23h de sábado. O evento era de acadêmicos dos cursos de Agronomia, Medicina Veterinária, Tecnologia de Alimentos, Zootecnia, Tecnologia em Agronegócio e Pedagogia. Segundo informações do site da casa noturna, os ingressos custavam R$ 15 e as atrações eram as bandas “Gurizadas Fandangueira”, “Pimenta e seus Comparsas”, além dos DJs Bolinha, Sandro Cidade e Juliano Paim.

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