Cláudia é mãe em casa e na escola

A voz baixinha, que de repente aumenta no meio da contação de história, chama a atenção das crianças do Centro de Educação Infantil Doralice, em Canasvieiras, Norte da Ilha de Santa Catarina. Com jeito meigo e elementos lúdicos, a professora de Educação Física Claudia de Almeida ten Caten, 44 anos, tem a missão de ensinar os pequenos a perceberem seu corpo e o espaço de forma natural, brincando e se divertindo.

Cada dia Claudia traz um jogo, uma história, e inventa novos elementos para os alunos de idade entre dois e cinco anos. Como uma “mãezona” que brinca muito com as crianças e enfrenta um desafio pessoal: algumas salas ao lado estuda a filha dela, a Cecília ten Caten Brandão, de cinco anos.

A rotina se repete: deixar Cecília na turminha dela e partir para as outras turmas. Claudia não pode dar aula para a filha por regras da rede municipal, mas o encontro é inevitável na hora em que as turmas se juntam no parque, e os olhos de mãe e filha sempre se cruzam:

– Ela sempre me chama para mostrar alguma coisa, se tá pendurada de cabeça pra baixo ou aprendeu uma coisa nova. Eu tento dar atenção, mas as outras crianças também me rodeiam. E quando chega em casa ela quer brincar das mesmas coisas que viu eu fazendo com os coleguinhas da creche – conta.

Desafios de educar

Na casa da família, no bairro Vargem Grande, Claudia foge do estereótipo das antigas mães tradicionais, que cozinhavam e cuidavam da casa. Mãe de duas meninas de gerações diferentes – a filha mais velha, Clarissa ten Caten, tem 18 anos – ela ensina as duas a serem independentes, e tem orgulho de contar que Clarissa já cursa farmácia na Universidade Federal de Santa Catarina.

– Às vezes me sinto culpada, pois fico cansada do trabalho durante o dia, e de noite não tenho tanta disposição para brincar com a Cecília. A Clarissa também cobra atenção, mas de outra maneira. Eu tento lidar com isso da melhor forma, sempre explicando a situação. Acho que estou conseguindo conciliar bem – finaliza.