Ouvir que Joinville não tinha mercado para moda deixava Claudia Alchini, 43 anos, inconformada. Esse era o discurso que usavam sempre que ela contava sobre o curso de estilista que fazia em uma extinta escola profissionalizante da cidade. Nada que fosse incomum de se escutar no início dos anos de 1990, quando outras áreas se sobressaíam na cidade. Só que, ao invés de desmotivar a joinvilense, a ausência de oportunidades a lançou em direção ao empreendedorismo.

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– O desafio de eu mesma criar este mercado que faltava na cidade fez com que eu passasse a ter o sonho de montar a minha própria escola.

Quando a escola onde ela se formou fechou as portas, Claudia, que de aluna já tinha se tornado professora do espaço, passou a atender em sua própria casa. Paralelamente, ainda criava croquis para confecções da cidade.

Foram mais de 10 anos sem um espaço para que pudesse crescer. O pai superprotetor a impedia de transformar a vocação de ensino em negócio, motivo que a fez repensar seus caminhos profissionais em 2006, após a morte dele.

– A perda do meu pai foi um divisor de águas. Por ele, eu nunca sairia de casa e isso me dava medo de montar a minha escola.

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A dor foi transformada em coragem. Mesmo com apenas R$ 150, Claudia saiu em busca de um imóvel onde pudesse manter o ar acolhedor que caracterizava as aulas em casa. Os poucos recursos para montar a escola vieram de parceiros que Claudia contatava.

– Eu batia nas empresas pedindo patrocínio. Em troca de R$ 80 eu divulgaria a marca entre as alunas.

Só na parceria, Claudia conseguiu abrir turmas para os cursos de modelagem, desenho de moda e computação gráfica. O curso de costura veio um ano depois, quando ela conseguiu emprestadas três máquinas de uma loja. Logo, Claudia já estava comprando os próprios equipamentos, e o receio inicial foi sendo trocado pela vontade de crescer e ingressar mais pessoas na área de moda.

– Naquela época, eu já pensava: “Meu Deus, já não preciso sonhar mais nada”.

Tudo parecia perfeito até que o proprietário do imóvel pediu para que Claudia o desocupasse. A empresária precisou retornar ao ambiente familiar, desta vez, na dos avós. O lugar ideal. Lá, Claudia passou por três enchentes. Claudia levou seis anos para encontrar o endereço atual, onde pôde, enfim, crescer ainda mais. Hoje, o Studio de Moda conta com mais de dez cursos voltados à formação de profissionais para a indústria têxtil e de quem se interessa pelo mundo da moda.

– Hoje, vejo as minhas alunas criando suas próprias marcas e minha maior satisfação é ver que eu ajudei de alguma forma para que elas realizassem seu sonho.

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Textos: Rafaela Mazzaro, especial