Atual queridinha do setor supermercadista, a nova classe média vai dividir a atenção com as camadas D e E, cuja inserção no mercado consumidor promete encher muitos carrinhos de compra em 2012.

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Se o cenário era bom – renda em ascensão e desemprego batendo no chão -, deve ficar ainda melhor, apontam os números apresentados segunda-feira, na abertura da Apas 2012 – 28º Congresso e Feira de Negócios em Supermercados, o maior evento do setor no mundo.

– A renda e o modo de vida do consumidor estão trazendo uma revolução – afirmou João Galassi, presidente da Associação Paulista de Supermercados (Apas), entidade organizadora.

Ele resumiu o momento da seguinte maneira: se a classe C está indo às compras, os consumidores das camadas D e E estão experimentando produtos, especialmente os de marcas líderes, os chamados mainstream no jargão do mercado.

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Esta pequena, mas significativa mudança de comportamento já tem surtido efeito nos fornecedores, explicou o diretor de economia da Apas, Martinho Paiva Moreira. E ela já é visível nas gôndolas dos supermercados: houve uma profusão de embalagens menores, feitas sob medida para caber no orçamento dos consumidores D e E.

Pesquisa da consultoria Nielsen publicada em março traduziu este comportamento apontando que esta fatia da população não compra o produto de menor preço, mas o de menor desembolso – a ideia de que menos é mais se o item tiver qualidade. Um exemplo clássico são as embalagens de sabão em pó de 500g. Fabricantes de biscoitos, iogurtes funcionais (aqueles que prometem a melhora da saúde intestinal) e bebidas estão adotando a mesma estratégia.

Não foi à toa que a indústria voltou a investir em garrafas de vidro retornáveis de um litro de cerveja e de refrigerantes, um modelo que remonta aos anos 1980. O custo envolvido na chamada logística reversa, o trabalho de devolver o casco à indústria, compensa pelo novo público consumidor adicionado.

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Consumo médio das classes D e E subiu 10%

Outros itens com potencial de crescimento incluem detergente líquido de roupa, fraldas descartáveis, inseticidas, bebidas a base de soja, molhos, cremes e loções e leite aromatizado – o tíquete médio dos consumidores D e E com novos produtos subiu 10% em 2011, ou R$ 12,71.

O raio X do setor apresentado ontem mostra que foram lançados 19,6 mil produtos em 2011, 24% a mais do que no ano anterior, e que as categorias de produtos que estão crescendo estão ligadas a quatro fatores: são práticos, sofisticados, fazem bem ou entram no que o mercado chama de indulgência (que se enquadram na a ideia do “eu mereço”).

A Apas projeta que o crescimento real (descontada a inflação) do setor supermercadista chegue a 4,5% este ano, índice superior à expectativa de avanço do PIB brasileiro, na casa dos 3,5%.

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*Jornalista viajou a convite da empresa Gomes da Costa

Novos hábitos

O que as classes D e E estão experimentando

Xampu de marca líder

Refrigerante de marca líder

Absorvente feminino de marca líder

Iogurtes funcionais

Fontes: Nielsen e Kantar Worldpanel