As doenças sexualmente transmissíveis (DSTs) estão entre as principais causas de busca por assistência no mundo, com grandes consequências econômicas, sociais e sanitárias. Algumas dessas doenças afetam significativamente a saúde sexual e reprodutiva feminina, dentre as quais se destaca a clamídia, a DST mais prevalente no mundo, causadora de elevadas taxas de infecções do trato genital superior feminino, como a endometrite, salpingite e abscesso tubovariano. Entre as principais consequências, é possível ressaltar a gravidez ectópica e a infertilidade.

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Embora pouco conhecida, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS) a cada ano ocorrem em torno de 92 milhões de novos casos de clamídia, com maior ocorrência em países em desenvolvimento e, o que é mais preocupante, afetando principalmente jovens. Estima-se que, anualmente, metade das novas infecções sexualmente transmissíveis ocorra entre 15 e 24 anos de idade, o que representa mais de nove milhões de jovens infectados, dos quais 2,8 milhões são casos de clamidiose genital. Resultado, geralmente, do alto número de parceiros sexuais, da baixa adesão ao uso de preservativos e da idade precoce do início da atividade sexual.

Segundo o ginecologista Dr. Joji Ueno, o diagnóstico é dificultado pela inadequação laboratorial e pela falta de sintomas específicos, particularmente em mulheres, das quais aproximadamente 70% podem ser assintomáticas. Somente uma em cada quatro mulheres tem sintomas. Nos homens são mais evidentes, três em cada quatro.

– Em apenas 20% dos casos ocorrem sintomas, como corrimento vaginal com odor, coloração e quantidade anormais, dor no baixo abdômen, menstruação irregular ou abundante, febre, entre outros, e normalmente aparecem em duas a quatro semanas após a relação sexual. Mas geralmente só é descoberta por ocasião da investigação da infertilidade – diz o médico.

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Os sintomas são muito similares aos da gonorreia e outras DSTs:

? Sangramento entre as menstruações.

? Dor abdominal.

? Dor durante a relação sexual.

? Febre.

? Sensação de queimação ao urinar.

? Necessidade de urinar com mais frequência.

? Corrimento vaginal novo ou diferente.

? Dor, ardência, sangramento e/ou corrimento mucoso pelo ânus.

? Olhos vermelhos, ardência e/ou secreção nos olhos.

A Clamídia é perigosa. A infecção normalmente inicia no colo uterino e, se não tratada, pode se espalhar para as trompas ou ovários e causar doença inflamatória pélvica. Isto pode determinar dor pélvica crônica, infertilidade ou gravidez ectópica. A doença, no entanto, é fácil de tratar e curar. Um exame de urina geralmente é solicitado, assim como o exame da secreção uretral e do material que pode ser colhido através do esfregaço na uretra. Em mulheres, o material colhido do colo do útero também pode ter esta finalidade. Além destes exames o profissional pode solicitar outro que possui o intuito de identificar os anticorpos anticlamídia.

– É muito importante diagnosticar e tratar logo para evitar que problemas mais sérios possam ocorrer. Os parceiros sexuais devem ser tratados ao mesmo tempo, pois desse modo um não reinfecta o outro. O médico prescreverá um antibiótico para o tratamento que deve ser usado mesmo quando não se tem sintomas – alerta Ueno.

Evite a transmissão

Pode ser difícil, mas se você tem clamídia, conte para seu parceiro. Só assim ele poderá consultar um médico para ser testado e tratado antes que sérios problemas ocorram. Se ainda está na dúvida, a primeira coisa a ser feita é parar de ter relações sexuais e fazer um exame.

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– Não tenha relações sexuais até acabar o tratamento e seu medico disser que você está curada. Evitar a doença é fácil: escolha com critério seu parceiro sexual; solicite exame de clamídia ao parceiro; e use camisinha em todas as relações e durante todo o tempo, seja no sexo oral, anal ou vaginal – aconselha o ginecologista.

Fique alerta

Se uma mulher grávida contrai esta infecção neste período, poderá ter um bebê prematuro, e caso a mãe se infecte durante o parto, o bebê poderá ter infecção nos olhos (conjuntivite) ou problemas respiratórios. Clamídia é mais comum entre:

? Pessoas que têm mais de um parceiro sexual.

? Pessoas cujos parceiros sexuais têm mais de um parceiro.

? Pessoas que não usam preservativos regularmente.

? Pessoas com histórico de outras DSTs.

? Pessoas com menos de 25 anos.