Por uma questão de higiene e segurança, cirurgias não serão mais feitas no prédio da Policlínica Lindolf Bell, na Itoupava Norte. A decisão da prefeitura de Blumenau foi tomada em caráter preventivo e todas as operações que ocorreriam na unidade serão migradas para o Hospital Universitário da Furb, na Fortaleza Alta, a partir de agosto. Tudo isso por conta das rachaduras, que podem trazer bactérias e fungos para dentro da estrutura. Elas chamam cada vez mais a atenção e surgem do primeiro ao último andar na estrutura que completa 10 anos justamente no mês que vem e sofre com o problema diagnosticado já em outubro de 2013.

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A ideia da reforma do imóvel, que era o “plano A”, foi deixada de lado em 2014, quando a prefeitura recebeu a informação de que seria contemplada com R$ 7,8 milhões do governo estadual para a construção de uma nova unidade de saúde, às margens da Via Expressa. A vinda do recurso, porém, não se confirmou e a troca no comando da Secretaria de Estado da Saúde – com a saída de Tânia Eberhardt e a chegada de João Paulo Kleinübing – acabou emperrando os trâmites para que Blumenau pudesse ser contemplada com a verba.

Uma nova proposta foi feita para que o município, em vez de construir uma nova estrutura, voltasse a cogitar a possibilidade de reformar o prédio da policlínica. Nesse vaivém, o novo valor de repasse passou a ser 20,5% do que havia sido indicado no início: R$ 1,6 milhão.

Dinheiro vem depois das eleições, diz JPK

A secretária municipal de saúde, Maria Regina de Souza Soar, alega que pressiona o governo estadual desde março deste ano para que alguma novidade com relação ao convênio seja repassada para Blumenau. O detalhe é que o ano eleitoral apareceu como um empecilho e, em um primeiro momento, não há previsão para a liberação de verba para a cidade.

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– O Badesc acabou demorando para avaliar os documentos para a assinatura do convênio e, com isso, qualquer notícia quanto à vinda dos recursos fica para depois de outubro. O projeto já foi encaminhado e aprovado, porém o acordo não pôde ser celebrado – explica Maria Regina.

Segundo Kleinübing, a construção da nova policlínica foi deixada de lado porque o Estado teve de adequar as suas prioridades e, como Blumenau já possuía uma unidade, a opção foi por reformar a já existente. O secretário estadual ainda garante que, ao final das eleições municipais, o montante estará nos cofres do município.

– Nosso único empecilho foi o fato de termos deixado passar o dia 12 de julho, que já conta como período pré-eleição. Ao fim de outubro esse dinheiro já estará à disposição – afirma.

Erro de cálculo na obra

O problema das rachaduras na Policlínica foi causado por uma série de fatores, dentre eles um erro de cálculo e um terreno impróprio para um imóvel do porte da unidade. Os pivôs das fissuras foram lajes internas instaladas que não foram projetadas para o peso que acabaram recebendo, segundo laudo divulgado em 2013 pelo engenheiro Luiz Carlos Gulias Cabral.

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– A fabricante da laje não projetou a carga correta e o peso das paredes não foi considerado. Isso foi preponderante. Nós inclusive, na época, alertamos que as deformações iam continuar sem saber até que ponto a estrutura suportaria – avalia Cabral.

Por conta disso, a prefeitura de quer responsabilizar os engenheiros da empreiteira que construiu a obra pelo erro. O problema, segundo a secretária municipal de Saúde, Maria Regina de Souza Soar, é que a empresa que ergueu o prédio não existe mais, o que acaba dificultando a busca:

– Estamos à procura dos culpados e a Procuradoria Geral do Município ainda não desistiu disso. Os erros foram cometidos e gostaríamos de buscar o ressarcimento pelo prejuízo.

Questionado sobre a estrutura, o engenheiro responsável pela obra, Álvaro Ling Júnior, alegou que todos os projetos foram feitos corretamente e que não está a par dos problemas que ocorreram nos últimos 10 anos.

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