Para um rapaz que durante a adolescência tinha como hobby colecionar modelos de navios da marinha americana, hoje, o sonho de conhecer um pessoalmente não poderia ser mais real. Além de visitar a embarcação, nos próximos dez dias, o cirurgião plástico joinvilense Humberto Thormann Bez Batti poderá unir a curiosidade do tempo de adolescente com o exercício da sua profissão. Trata-se de uma missão voluntária de ajuda humanitária organizada pela marinha dos Estados Unidos, em que até o dia 6 de junho oferecerá cirurgias gratuitas para pacientes na região do Panamá, na América Central.

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A equipe de voluntários que estará à bordo do USNS Comfort é formada por 50 médicos, que inclui cirurgiões plásticos, anestesistas, enfermeiros, dentistas e fonoaudiólogos. Humberto conta que em missões como esta, se operam em torno de cem pacientes, cerca de 20 atendimentos diários que começam às 7 horas da manhã e duram até à noite.

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– Neste sábado saímos da cidade do Panamá e vamos até a cidade de Colón, na costa do Atlântico. Num primeiro momento vamos fazer a triagem nos pacientes que serão operados e, no domingo, embarcamos no navio hospital USNS Comfort com toda a equipe que fará parte da missão, juntamente com os pacientes e os menores acompanhados dos familiares – explica.

O objetivo da missão é realizar cirurgia de face em pacientes que não têm condições de pagar uma cirurgia. O cirurgião plástico conta que na própria região escolhida se faz uma seleção das pessoas carentes que receberão atendimento. Para isso, a equipe possui quatro níveis de prioridade para as cirurgias.

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– Quando fazemos a triagem, geralmente há o dobro de pessoas para os atendimentos que realizamos. Por isso, há os níveis de prioridade. O primeiro é referente à crianças que nunca se submeteram a uma cirurgia de face e têm algum defeito, normalmente no lábio ou nariz. O segundo nível é para quem tem algum defeito no palato _ céu da boca. Outra prioridade são os adultos que necessitam de alguma cirurgia, e a quarta é quanto aos pacientes que já foram operados mas não tiveram um resultado satisfatório na cirurgia plástica que fizeram, por isso farão o procedimento para corrigir o defeito – detalha.

O valor das experiências em missões

Com pelo menos cinco missões na bagagem que envolvem ajuda humanitária, neste ano, Humberto foi convidado pela ONG norte americana Operation Smile para participar da missão embarcada que atenderá pacientes na América Central. Ele conta que o convite chegou por meio de um e-mail da Marinha norte-americana com instruções para uma série de procedimentos para poder integrar a equipe de voluntários.

– Todo ano faço uma missão internacional. No ano passado por exemplo, fui para Assunção, no Paraguai. Em 2013, para o Equador e no ano anterior colaborei em Lima, no Peru. Participo há cinco anos desses processos, e eles têm um nível de exigência muito grande para que possamos integrar a equipe – afirma.

– O fator determinante para a seleção, é a preocupação que se deve ter com a segurança do paciente durante os procedimentos. A escolha dos voluntários sempre parte desse princípio – completa.

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Durante os dez dias, Humberto se juntará a uma equipe de profissionais de países como a Itália, Colômbia, Panamá e Estados Unidos, e serão feitas cirurgias plásticas de nariz, lábio, palato e da face como um todo. Na opinião do cirurgião, esse tipo de experiência agrega importantes fatores para quem participa, como diz.

– Nesse tipo de missão, atendemos pacientes que provavelmente nunca mais vamos encontrar, além de termos o contato com profissionais de outros países, o que cria uma visão de que o mundo não tem fronteiras. A relação de ensinamento e aprendizado é algo que nos marca, por isso, a expectativa é grande justamente pelo desafio do contato com outras culturas e por estarmos um navio seguindo a rotina dos marinheiros americanos – destaca.

*Esta matéria foi escrita por Rodrigo Guilherme Pereira e faz parte dos estudos de estágio no jornal “A Notícia” onde atua desde julho de 2014. Rodrigo cursa a 7ª fase do curso de jornalismo do Bom Jesus Ielusc.