Cirurgia sem bisturi é novidade em hospital de Curitiba

Curitiba é a primeira cidade do país a oferecer cirurgia para retirada de tumores na cabeça sem cortes nem dor. Usado também para operar outras doenças do cérebro, o sistema Gamma Knife Perfexion reduz a quase zero os riscos de sequelas, segundo especialistas do Instituto de Neurologia de Curitiba (INC), primeiro centro de saúde do país e o segundo da América Latina a oferecer a tecnologia.

Em menos de meia hora, Claudemir Schionato Lobo disse adeus a um tumor que estava comprometendo sua audição e voltou para casa dirigindo. Três dias depois ele já estava de volta ao trabalho, completamente recuperado. Isso só foi possível porque o eletricista de 39 anos foi submetido à cirurgia sem bisturi. Se tivesse sido operado pelo método tradicional, Claudemir teria que ficar internado pelo menos 10 dias e correria o risco de perder completamente a audição do ouvido esquerdo.

Segundo o neurocirurgião Maurício Coelho Neto, o procedimento consiste na utilização de uma dose concentrada de radiação de Cobalto 60, que destrói estruturas intracranianas de até 3,5 centímetros de diâmetro com grande precisão. O princípio pode ser comparado a uma lupa que direciona os raios do sol em um único ponto.

– O aparelho concentra vários feixes de radiação na área afetada pela doença com uma precisão submilimétrica, de modo a gerar nenhum ou pouquíssimos efeitos adversos – afirma.

A precisão e rapidez do procedimento permitem que a paciente retome as atividades um dia após a cirurgia, diz o cirurgião. A tecnologia oferece ainda a possibilidade de se retirar tumores localizados em áreas críticas do cérebro.

Na Europa e Estados Unidos, mais de 500 mil pacientes já foram tratados através dessa tecnologia, também conhecida como radiocirurgia. No entanto, ela não é indicada para todos os casos, mas apenas para doenças encontradas dentro do crânio ou na região da coluna cervical alta (até o nível da terceira vértebra).

Os tumores que podem ser operados seguem classificação por tamanho e tipo, tendo maior eficácia em casos benignos com até 3,5 centímetros de diâmetro. Os tumores malignos primários do cérebro também podem ser tratados, mas sua indicação normalmente é associada a outras modalidades complementares de tratamento.