Círculo Artístico Teodora, no Campeche, é modelo de um empolgante microcosmo cultural 

“Só para loucos.

Só para raros.

Entrada ao preço da razão.”

Ao aludir à obra O Lobo da Estepe, de Hermann Hesse (1877-1962), para justificar a existência do Círculo Artístico Teodora, a atriz Margarida Baird, 71, propõe-se ao mesmo tempo a provocar as pessoas a ousarem e a consumirem arte. Para chegar ao espaço cultural, saindo do Centro de Florianópolis, é preciso andar 10 km pela rodovia SC-405 até o trevo do Rio Tavares. De lá, seguir à esquerda pela SC-406 e, 750 metros depois, virar à direita na Rua Pau de Canela, depois de 1,2 km virar à esquerda na Servidão Cravo Branco e seguir até o número 236. A descrição do endereço é proposital: parece difícil chegar, mas depois que se aprende o caminho nunca mais se esquece.

– Fazer teatro já é uma ousadia. Em um lugar escondido, é uma ousadia ainda maior. Mas é o que eu tenho. E não é agora que eu vou desistir. E de repente acontece – diz Margarida, a patronesse do Círculo.

Precursor do livro-imagem, Juarez Machado é homenageado em Joinville

Jurerê Jazz: festival promove 22 apresentações em Florianópolis

Há 12 anos o espaço era apenas uma casa construída num enorme pátio com flores e árvores frutíferas. Passou então a ser um ponto de encontro de atores, dramaturgos e artistas para ensaios, leituras dramáticas e atividades artísticas. Oficialmente, há três anos assumiu o título de Círculo Artístico Teodora – uma associação cultural que agrega grupo de teatro, centro artístico e cultural, cineclube e espaço para cursos.

Leia as principais notícias sobre arte e cultura em Santa Catarina

Para retomar as atividades do ano, o Círculo agora aposta na formação de público. É o Projeto Curupira, que começou no ano passado com o objetivo de estimular as crianças a se habituarem ao teatro.

– Existe uma clara dificuldade de fazer com que as pessoas frequentem o teatro – diz Margarida, com a experiência de quem já dedicou 53 anos da vida às artes cênicas.

CINECLUBE INFANTIL

O Projeto Curupira começou em 2015, com a estreia de Contos que a Vovó Conta, espetáculo em que Margarida Baird conta histórias de vovó e lendas brasileiras. A peça estreou no Círculo durante o Festival de Teatro Isnard Azevedo e foi apresentado na rede Sesc de Teatro.

Em abril, o Curupira dá mais um passo em direção ao objetivo a partir da parceria com a Fundação Cultural de Florianópolis Franklin Cascaes (FCFFC). O projeto Cinema nos Bairros, da FCFFC, vai promover sessões de cinema infantil no Cineclube Teodora dois domingos por mês, até agosto. O primeiro ocorreu no dia 3 de abril e o próximo será dia 24, às 17h, com a exibição gratuita de cinco filmes.

– Não adianta fingir, é difícil fazer com que as pessoas saiam de casa. É por falta de hábito também. Se desde pequena a criança vai ao teatro, ao circo e ouve histórias, torna-se um adulto consumidor de cultura – sugere a atriz.

Adultos também podem aprender a apreciar arte. Nunca é tarde. No Círculo ocorrem apresentações de teatro, leituras dramáticas e sessões de cinema, apresentações de música, tudo no ambiente acolhedor de uma casa.

– Tem pessoas que vêm uma vez e voltam. Vizinhos que vêm e voltam. Não quero que soe pretensiosa a frase de Herman Hesse, “só para raros”. Não chega fácil aqui, mas se aprende o caminho. E aí não esquece mais. A sutileza nunca está explícita.

Endereço: Servidão do Cravo Branco, 236, Campeche, Florianópolis.Fone: (48) 3204-0966.

Acompanhe a programação na página do Círculo Artístico Teodora.