O incêndio que atingiu a Cinemateca Brasileira nesta quarta-feira afetou a instituição que possui aquele que é considerado o maior acervo audiovisual da América Latina, com cerca de 1 milhão de documentos e mais de 40 mil filmes armazenados (200 mil contando as cópias). Afetou, além disso, a parte mais delicada desse arquivo: o pavilhão com rolos de títulos datados de antes da década de 1950.
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Mesmo que a maior parte desses rolos tenha cópia em suportes mais modernos (e menos inflamáveis), foram perdidos materiais originais históricos que pertencem à memória da cultura brasileira do século 20. Trata-se de um baque para a instituição que é um dos símbolos da guarda dessa memória.
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No arquivo da Cinemateca estão filmes ficcionais, documentários, cinejornais, peças publicitárias e até registros familiares. Seu espaço é a grande referência para o armazenamento e a preservação desse material; é para lá que são encaminhadas produções de origens mais diversas. O fato de a instituição ter alcançado esse status dá a dimensão de sua importância para o cultura nacional e o país como um todo.
Obras-primas do Cinema Novo, chanchadas da Atlântida, produções da Vera Cruz, até as gemas do chamado Cinema de Bombachas do Rio Grande do Sul (longas de Teixeirinha, entre outros) integram o seu acervo. Pelo que indicam as primeiras informações sobre o incêndio, correm risco de terem sido perdidos os filmes anteriores, entre os quais se destaca o trabalho de precursores da cinematografia nacional como Humberto Mauro e Mário Peixoto – este último o diretor de Limite (1931), longa recentemente eleito pela Associação dos Críticos de Cinema do Brasil (Abraccine) o melhor filme brasileiro de todos os tempos.
Dada a facilidade de combustão do material com que foram feitos esses filmes, não é difícil perdê-los (este já é o quarto incêndio na Cinemateca Brasileira, o primeiro desde 1982). Espera-se que seus estragos não tenham sido tantos.
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