A Secretaria Municipal de Saúde confirmou por volta das 12h desta segunda-feira a morte cerebral do cinegrafista da TV Bandeirantes Santiago Ilídio Andrade, de 49 anos. Ele foi ferido por um rojão durante manifestação no Rio de Janeiro na semana passada e estava internado no Centro de Tratamento Intensivo (CTI) do Hospital Municipal Souza Aguiar.

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Santiago, que teve afundamento do crânio e perdeu parte da orelha esquerda, foi submetido a uma cirurgia para diminuir a pressão craniana, assim que chegou ao hospital. No sábado, uma tomografia comprovou que a hemorragia havia sido controlada, mas o estado de saúde do cinegrafista piorou.

O profissional foi atingido por um rojão enquanto filmava o protesto contra o aumento das passagens de ônibus no município do Rio, próximo à Central do Brasil, no centro da capital fluminense. Ele tinha mais de 20 anos de profissão e trabalhava há 10 anos na Rede Bandeirantes. Santiago era casado e pai de quatro filhos.

Advogado de preso diz ter o nome de homem que manuseou rojão

O advogado do tatuador Fábio Raposo, Jonas Tadeu Nunes, afirmou que tem o nome e a identidade civil do homem que acionou o rojão de vara que atingiu a cabeça do cinegrafista. O tatuador, de 22 anos, é acusado de participação na explosão e está preso em uma cela individual do Complexo Penitenciário de Gericinó, em Bangu, zona oeste.

Raposo foi preso no domingo, na casa da mãe, no Recreio dos Bandeirantes, zona oeste do Rio de Janeiro, após ter a prisão temporária decretada por 30 dias, prorrogáveis por mais 30. Nunes afirmou que chegou à identidade do homem, por meio de uma pessoa indicada pelo tatuador.

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Apesar de não revelar nomes, ele disse que aconselhou o homem que acendeu o rojão a se apresentar ao delegado Maurício Luciano de Almeida, da 17ª Delegacia de Polícia, em São Cristóvão, Zona Norte. O advogado disse que o homem estaria muito abalado e que teria tentado suicídio.

No domingo, Nunes, afirmou ter sido contatado por telefone pela ativista Elisa Quadros Pinto Sanzi, conhecida como Sininho. Ela teria dito que o homem que acendeu o rojão era ligado ao deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL-RJ), que teria oferecido assistência jurídica a Raposo. A ativista negou que tenha oferecido ajuda do deputado.

Em nota publicada no Facebook, Freixo também negou conhecer os envolvidos na explosão e disse que vai processar quem fez as acusações. “Além de a fonte da informação ser de uma fragilidade absurda (o estagiário de Nunes, Marcelo) e de a própria ativista (Sininho) negar ter me associado ao ocorrido, nenhuma prova concreta foi apresentada”, afirmou.

“Aqueles que afirmarem que o responsável pela explosão é ligado a mim terão que provar. Caso contrário, serão devidamente processados”, acrescentou o deputado. “Sempre repudiei a violência nos protestos, seja ela praticada por manifestantes ou policiais. Discordo dela como princípio e como método para conquistar qualquer coisa”, completou.

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Mais de 4,5 mil pessoas curtiram a nota divulgada por Freixo.

A Secretaria da Saúde do Rio de Janeiro emitiu uma nota confirmando a morte de Andrade e, em nome da família, prestou agradecimentos às pessoas que doaram sangue para tentar salvar o cinegrafista. Confira o texto:

“A Secretaria Municipal de Saúde lamenta informar a morte encefálica do paciente Santiago Ilídio Andrade, diagnosticada nesta segunda-feira (10) pela equipe de neurocirurgia do Hospital Municipal Souza Aguiar, onde ele está internado no Centro de Terapia Intensiva desde a noite de quinta-feira.

A pedido da família, a SMS torna público o agradecimento a todos os que torceram pelo seu restabelecimento e que, num ato de solidariedade, atenderam ao chamado para doar sangue ao Hemorio.”