Salim Miguel, que saiu do Líbano quando criança e adotou Santa Catarina como sua terra, estará presente na pré- estreia do documentário sobre sua vida e obra, no Teatro da Igrejinha da UFSC, nesta sexta-feira.
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Ainda recuperando-se de problemas de saúde, ele sabe que vai ser difícil segurar a emoção, quando aparecerem na tela momentos importantes de seus 89 anos de vida – e mais ainda, quando ele escutar os depoimentos de amigos com os quais compartilhou boa parte dessa trajetória. Mas o escritor faz questão de estar presente.
Confira o vídeo sobre a estreia do documentário sobre a vida de Salim Miguel
– Zeca Pires é um grande amigo, aliás, eu já era muito amigo do pai dele, o Anibal Nunes Pires. Conheci o Zeca ainda na barriga da mãe dele. E este documentário o Zeca começou a fazer em 2004, quando eu tinha 80 anos, e foi finalizado só agora, quando eu estou às vésperas de completar 90. Então, tenho que ir lá, receber este presente do meu amigo – conta Salim, já com a voz embargada pela emoção.
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Salim Miguel e sua companheira da vida inteira, a escritora Eglê Malheiros, juntos há 65 anos, receberam a reportagem do Diário Catarinense no novo apartamento do casal, no bairro Kobrasol, em São José, para onde se mudaram há pouco mais de dois meses.
Antes, viviam em uma casa na praia da Cachoeira do Bom Jesus, no Norte da Ilha de Santa Catarina.
Foi lá que, em fevereiro deste ano, Salim Miguel sofreu uma queda que resultou em traumatismo craniano. Ele mesmo conta:
– Meu ano de 2012 terminou no dia 17 de fevereiro. Eu só sei que eu caí, fiquei em coma durante 18 dias e permaneci 37 dias internado, passando por dois hospitais.
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Quando acordei, não sabia quem eu era, não reconheci a Eglê nem ninguém.
Mas aos poucos fui melhorando, e ainda estou em recuperação – explica Salim.
Fui um grande susto para a família inteira. Hoje, mesmo contando o tempo inteiro com o apoio de Eglê, Salim tem o auxílio de dois cuidadores. Entre as tarefas deles, está uma que dá muito prazer a Salim: eles leem para o escritor, que possui uma deficiência visual.
Hoje em dia os livros preferidos do escritor são os romances policiais, além de notícias e resenhas relacionadas à cultura. Muitas vezes, é Eglê quem lê para o marido, e este carinho sempre é recompensado com muitos elogios:
– Não entendo até hoje como uma mulher que sempre foi tão linda e tão inteligente pôde se apaixonar por um cara como eu – comenta, sorrindo.
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Eglê, sentada ali pertinho, só sorri, um pouco sem jeito. E pede: não coloca isso aí na matéria não. O foco da reportagem é ele, não eu.
Vida contada pelos amigos
Salim Miguel assistiu a alguns trechos do documentário, à medida que ele ia sendo filmado. Um dos depoimentos marcantes, conta ele, é o do expresidente da Academia Brasileira de Letras, Cícero Sandroni ( gestão 2008- 2009).
– Sandroni é um grande amigo. Ele lembrou, no seu comentário, que Zeca Pires filmou o dia em que eu fui receber, na ABL, o Prêmio Machado de Assis, considerado o maior prêmio da literatura brasileira, pelo conjunto da minha obra e especialmente pelo sucesso do livro Nur na Escuridão, lançado 10 anos antes.
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Em 1999, já jornalista e escritor de sucesso, Salim Miguel, aos 75 anos, lançou Nur na Escuridão, seu 18 º livro, um romance que narra a trajetória de uma família de libaneses que desembarcou no Brasil na década de 1920. Ou seja: a história de sua própria família.
Salim chegou ao Brasil com três anos de idade, e se auto define como um libano- biguaçuense, pois foi criado em Biguaçu, na Grande Florianópolis. O livro fez muito sucesso em todo o país, e faz até hoje, como explica o autor.
– O Nur na Escuridão foi lançado no dia 17 de dezembro de 1999 no Rio de Janeiro, e todos diziam que eu era um louco por lançar nesta data, pois dezembro as pessoas estão mais preocupadas com as festas de fim do ano. Pois no lançamento foram vendidos 100 exemplares, o que é maravilhoso. Depois, esgotou. Tivemos que fazer uma segunda edição, que também esgotou, e assim sucessivamente, até a sexta edição.
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Agende-se
O quê: pré-estreia de Salim na Intimidade – Maktub
Quando: na Semana de Arte do DAC, às 10h, sexta-feira (07 dezembro 2012)
Onde: Teatro da UFSC (ao lado da Igrejinha) – Praça Santos Dumont,
Trindade, Florianópolis
Quanto: gratuito e aberto à comunidade.
Informações: Departamento Artístico Cultural (DAC) / Igrejinha da UFSC, praça Santos Dumont, Trindade, Florianópolis-SC (48) 3721-9348 e www.dac.ufsc.br