O cineasta e artista multimídia britânico Peter Greenaway, 70 anos, abriu a segunda edição do seminário internacional Fronteiras do Pensamento em Santa Catarina, na noite desta segunda-feira, no Teatro Governador Pedro Ivo, em Florianópolis.

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Uma plateia atenta lotou o auditório para ouvir as reflexões do cineasta sobre o tema O Cinema está morto. Vida longa ao cinema, e trocar ideias sobre as mudanças que a sétima arte precisa sofrer para continuar existindo e cumprindo sua função, nestes tempos de informações digitais.

Autor de frases que fazem refletir, Greenaway afirmou que o cinema realmente importante para o público deixou de existir. A decadência da sétima arte, afirmou ele, iniciou em setembro de 1983, com a popularização do controle remoto nas televisões domésticas, primeiro na Europa e Estados Unidos, depois no resto do mundo.

Os filmes narrativos já não despertam interesse nas novas gerações, na opinião de Greenaway.

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– Sou também um pintor, e acredito que o cinema poderia (e deveria) ser muito mais visual. Nossos filmes, apesar de terem muitas imagens, são essencialmente baseados em texto. Ainda se faz cinema, hoje em dia, como se fazia no começo do século passado. Por isso, os mais jovens já não têm interesse em sair de casa, pagar ingresso e ficar horas sentados numa sala escura. Preferem assistir o filme na comodidade de suas casas, na hora que bem entenderem – enfatizou.

Entre os cineastas preferidos de Greenaway estão o diretor russo Eisenstein, que passou parte de sua vida no México, nas décadas de 1920 a 1930; os italianos do final da década de 1950, como De Cica e Bertolucci; e os da chamada Nouvelle Vague, como Jean Luc Godard e Alains Resnais.

– Um dos maiores, sem dúvida, foi Fellini, que realmente fez um cinema visual extraordinário. Entre os diretores mais comerciais, Ridley Scott sempre faz filmes “assistíveis” e com grande comando sobre a imagem – ilustrou o dublê de diretor de cinema e artista plástico.

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Os filmes de Peter Greenaway são notáveis pela presença de elementos da arte renascentista e barroca, e o uso de luz natural, compondo cada cena de seus filmes como se fossem pinturas. O filme de sua autoria mais conhecido do público brasileiro é O cozinheiro, o ladrão, sua mulher e o amante, de 1989.

Depois da palestra, começou a sessão de debates com a plateia, intermediada pela professora de Cinema da Ufsc, Clélia Mello, e pela jornalista da RBSTV, Camille Reis.

Programação

Terça-feira

Michel Onfray

Tema – Filosofia para todos

Quem é: Filósofo e escritor francês, fundador da Universidade Popular de Caen, instituição baseada na isenção de taxas e no acesso livre, sem exigir qualquer qualificação acadêmica.

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Quarta-feira

Fernando Gabeira

Tema – As fronteiras da ecologia: impasses e contradição

Quem é: Escritor, jornalista e ex-deputado federal pelo Rio (1998-2010), tem extensa produção literária e significativa participação política durante a ditadura. Um dos principais militantes pela causa da sustentabilidade.

Serviço

O quê: Fronteiras do Pensamento

Quando: de segunda a quarta-feira, a partir das 20h

Onde: Teatro Governador Pedro Ivo (Rodovia SC-401, 4.600, Bairro Saco Grande, em Florianópolis)

Quanto: palestra única R$ 100. Venda online no site www.blueticket.com.br. Também no quiosque Blueticket do Beiramar Shopping. As conferências são proferidas na língua materna dos palestrantes. Serão disponibilizados aparelhos de tradução simultânea. Desconto de 50% para estudantes, professores e portadores de deficiência física apenas no ponto de venda físico de ingressos.