Nem todos os cinco temas dominantes da semana têm relação imediata com economia e negócios, mas todos eles implicam, direta ou indiretamente, atividades econômicas diversas. Vamos a eles. 1- a reforma administrativa na Prefeitura de Joinville. 2 – as manchas geográficas nos mapas do Estado de Santa Catarina e do Brasil, mostrando onde estão os lugares com potencial risco de se contrair febre amarela. (Quem quer ou precisa viajar para estas cidades deve, antes, tomar vacina). 3 – a crescente insegurança pública no contexto nacional, com imagens de terror espalhadas para o mundo todo, a partir de Natal, capital do Rio Grande do Norte. 4 – a chegada de Donald Trump ao principal cargo do planeta, o de presidente dos Estados Unidos. 5 – a morte de Teori Zavascki, o ministro relator do caso Lava-jato.

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Comecemos pelo primeiro, de alcance local. A reforma administrativa, a ser votada pela Câmara de Vereadores de Joinville nesta semana que começa, tem méritos indiscutíveis. Reduzirá a máquina pública e enxugará a quantidade de cargos comissionados. Também unificará procedimentos burocráticos, originários de comandos únicos em secretarias com poderes ampliados. Ponto positivo, numa hora em que forçar diminuição de gastos é um mantra generalizado. A questão polêmica que envolve a reforma refere-se ao esvaziamento político interno do Ippuj, que desaparecerá como instituto próprio. A extinção de todas as fundações municipais o reduz a um órgão da nova Secretaria de Planejamento Urbano e Desenvolvimento Sustentável. Operacionalmente, pode ser prático, porque reunirá num só lugar as ações em torno de diretrizes para o futuro econômico e do jeito que a cidade vai se comportar.

O Estado de Santa Catarina tem 295 municípios. O fato de o governo alertar a sociedade para se cuidar contra a possibilidade de contrair febre amarela em 162 deles é um atestado médico de coisa grave. O alerta abrange desde parte do Planalto Norte até o Extremo Oeste, passando pelo Centro-Norte, Meio-oeste e região serrana. Isso dá bem a ideia do problema social latente. Problema que emerge no

século 21, num Estado cantado em prosa e verso como sendo de Primeiro Mundo.

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A disseminação da doença ocorreu, recentemente a partir de Minas Gerais, e a prevenção deve se dar em 70% do País, segundo recomendação de Brasília. Febre amarela é doença de povos incivilizados. E citada frequentemente em textos no começo do século 20. Faz cem anos!

Alcaçuz não é um caso isolado de péssimo gerenciamento das Prisões brasileiras. É o caso notório, explosivo, de janeiro de 2017. Nada nos convida a afirmar que essa é só uma circunstância ocasional e inesperada. A crise aguda e eterna no sistema prisional brasileiro leva à conclusão inescapável: quem manda são as facções criminosas; e as autoridades constituídas agem reativamente. Quando as autoridades pedem socorro é porque já não sabem mais o que podem ou devem fazer.

Vejamos um jornal europeu que mostra o nosso País, hoje, em duas fotos. Quais seriam essas imagens? A primeira: o mapa do Brasil com a mancha da extensão territorial na qual a população está potencialmente sujeita à infecção com febre amarela, se não houver vacina para todos.

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E, dois: as cenas da guerra entre facções, em Alcaçuz.

A conclusão: o Brasil não é um bom destino turístico.

A ascensão de Trump à Casa Branca, com a posse ocorrida nesta sexta-feira, dia 20, levará o mundo a rever suas práticas comerciais. A expectativa de comportamentos defensivos e protecionistas está na contramão do que os principais países e blocos econômicos desenvolveram ao longo dos últimos 20 anos. Se as relações econômicas vão ser transformadas, a cena geopolítica global idem. Em períodos históricos de mudanças de paradigmas, atenção redobrada a seus efeitos é vital para

os negócios. Acompanhar os fatos – e compreender o que eles significam – é ainda mais essencial.

O último acontecimento sério da semana foi a morte de Teori Zavascki. Sem o relator do processo decorrente da Operação Lava-jato, as implicações são grandes. As investigações sobre os crimes cometidos pelas organizações empresariais e políticos atrasarão meses, a oficialização das delações também. Na prática, a morte do ministro do STF só ajuda os criminosos.

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Este breve resumo tem uma finalidade básica: a de não deixar em branco, sem registro, o momento que vivemos para, em pinceladas rapidíssimas, explicitar o modelo de sociedade na qual estamos inseridos. Em meio a alterações burocráticas e transformações de alcance global, é necessário olhar para a realidade contemporânea. Ela nos bombardeia com notícias de todo tipo. Extrair de seus conteúdos o que é verdadeiramente relevante facilitará nossas ações para sermos consequentes conosco mesmos e, então, possamos irradiar ações no sentido de desenvolvermos nossa aldeia com ideias claras e com foco num futuro menos desajustado.