Três meses após as primeiras altas, o que era uma sensação se transformou em certeza: o dólar acima de R$ 2 veio para ficar. Os efeitos do preço mais caro da moeda – antes sentida apenas pela indústria – já chegou ao bolso do consumidor brasileiro, e o impacto não é pequeno.

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Confira cinco produtos que ficaram mais caros com a alta do dólar:

TRIGO: A decisão do governo argentino de suspender a venda do cereal para tentar combater o aumento de preços – que por lá está 25% ao ano- afetou diretamente o mercado brasileiro, que tinha o país vizinho como principal parceiro comercial. Como cerca de 70% do trigo que é consumido no Estado é importado, os produtores precisaram encontrar novas rotas, fechando negócio com americanos e canadenses. O frete e o câmbio tornaram o preço do produto 20% mais caro.

O pãozinho e outros produtos que utilizam o trigo como insumo já refletem o aumento no preço da matéria-prima. No mês de julho, o avanço foi de 15% a 20%, praticamente o impacto causado pelo aumento do preço do cereal. A perspectiva é que com a moeda mais cara aconteçam novos reajustes.

VIAGENS: O efeito da alta do dólar já inibiu a venda de pacotes para fora do país. Segundo pesquisa da Fundação Getúlio Vargas (FGV) com o Ministério do Turismo, a intenção de viagem no horizonte dos próximos seis meses ao exterior caiu a 26,8%. A moeda mais cara, no entanto, não desanima brasileiros e os gastos fora do país subiram em junho. Mas o Banco Central prevê moderação dos gastos no Exterior ao longo do segundo semestre do ano.

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ELETROELETRÔNICOS: Como boa parte dos componentes empregados na indústria vem de fora, o setor costuma ser bem sensível a oscilações cambiais. A importação de capacitores, circuitos integrados e chips ficou 15% mais cara no primeiro semestre de 2013. O mercado competitivo impede que a indústria repasse totalmente a variação de custo para as lojas, mas a estimativa é que o preço nas prateleiras tenha sido reajustado em pelo menos 10%.

VINHOS: O setor, que em geral é beneficiado pela alta do dólar, ainda não sentiu os efeitos do câmbio nas exportações. O volume de embarques não cresceu nos últimos três meses, mas a expectativa é de que, a partir de setembro, quando o volume de negócios com a Europa e Estados Unidos cresce, os ganhos sejam maiores. Quem importa, no entanto, já paga 12,5% mais caro para trazer vinhos importados do Chile, da Argentina e do Uruguai. Parte do reajuste deve ser repassado para os consumidores.

ITENS DE LIMPEZA: Produtos de higiene pessoal, limpeza doméstica e perfumaria têm cerca de 80% da matéria-prima importada do Exterior. O aumento de 8% a 10% já chegou ao varejo e deve atingir o consumidor esta semana ainda.